quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

"Adaptação" e "Tudo sobre minha mãe"


Adaptação

                                                 


“_ Sabe por que eu gosto de plantas?Por serem tão mutáveis. A Adaptação é um processo profundo, temos de descobrir como viver no mundo.”
“_ Mas é mais fácil para as plantas. Elas não tem memória”

              



“A todas as atrizes que interpretam atrizes, a todas as mulheres que atuam, aos homens que atuam e se tornam mulheres, a todas as pessoas que querem ser mães. À minha mãe.”


sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Todo o Teatro de Pirandello - Carlo Prina


Na verdade, comprei esse livro no sebo porque quando fui folhear-lo achei uma poesia Italiana em jornal, poesia de um tal de Luciano Folgore, duma época em que SP tinha seis dígitos de telefone.
Sim, comprei um livro só porque tinha um papel solto dentro dele de quando SP tinha apenas seis dígitos de telefone. Mas também, porque não saber um pouco de Pirandello? Leitura rápida.


Cosi é... se vi pare!
Dal libro Scrittori allo specchio di Luciano Folgore

Come il fu Mattia Pascal
Sono morto e sono vivo
faccio i uomo putativo
professione teatral

ché nella famiglia umana
noi nin siamo ció che sianmo
ma sol quello che appariamo
quidi ogni certezza é vana...

(Omaggio Del “Giornale degli Italiani” )

Assim é... se lhe parece!
(Escritores do livro num espelho de Luciano Folgore)

Como o falecido Mattia Pascal
Estou morto e estou vivo
Eu faço o humano putativo
Profissão teatral

Porque na família humana
Nós não somos o que nós somos
Mas apenas aqueles que pareciam
Portanto, qualquer certeza é inutil....


Enfim, são peças comentadas que servem apenas como uma prévia, além de saber sobre as interpretações de alguns atores e atrizes da época, como Cacilda Becker e Paulo Autran. Creio valer a pena ler algo mais recente e conhecer as peças. Em especial: “Assim é... se lhe parece...”, Henrique IV” “Seis personagens  a procura de autor”, “vestir os desnudos” e “A nova colônia”.


"Putativo", tema frequente nas obras de Pirandello:
Adj. Suposto, julgado.
Filho putativo,filho nascido de casamento putativo.
Dir.Casamento putativo, casamento que, suscetível de anulação, produz, todavia, até efetivação desta, todos os direito civis de um casamento válido para os filhos e o esposo que procederam de bioa fé quando de sua celebração... (dicionário on line)







sábado, 15 de outubro de 2011

Anarquismo - Uma história das idéias e movimentos libertários Vol 2 O movimento George Woodcock


 Hoje tem outras edições, este me foi apresentado no sebo... Nem éra o livro que eu procurava... Mas também não foi por acaso, ainda que este muitas vezes tenha papel fundamental no processo. “impresso no Brasil – Outono de 1984” Nenhuma dedicatória (o que também gosto nos livros de sebo), apenas uma assinatura datada 07/84. O que significa apenas, que alguém leu no inverno...

Ainda que hoje exista novas vertentes, este livro é parte da biblioteca básica de quem se interessa pelo tema. Woodcock dá um panorama da história do anarquismo, mostrando como foi o movimento principalmente na França, Espanha, Itália e Rússia; relatando brevemente nos E.U.A, sobre a colônia Nova Harmonia e colônia Utopia. A todo tempo correlaciona as principais influências: Kropotkin, Bakunin, Proudhon e outros mais influentes em determinados países e situações históricas. Uma verdadeira viagem no tempo.

Sobre a América Latina apenas esboça, e coloca uma ligação destes durante o século XIX com Espanha e Portugal por condições sociais semelhantes, o que favoreceu a difusão dos ideais anarquistas, principalmente por espanhóis, embora italianos também tenham desempenhado este papel mais fortemente na Argentina.
Por aqui cita a organização de artesãos e operários de indústria até o começo da década de 20 seguindo organização anarco-sindicalista.Fala também da colônia Cecília no capítulo referente a Itália.
Por vezes a leitura torna-se cansativa por conter muitas informações históricas nos diferentes países com suas peculiaridades anarquistas, mas de jeito nenhum fica desinteressante por este fato.

Trechos “...As causas perdidas podem ser as melhores- e normalmente são-, mas uma vez perdidas jamais voltarão a triunfar. E isso provavelmente é tudo que têm ao seu favor. Pois as causas são como os homens, e deveríamos permitir que morressem tranquilamente, para que o lugar por ela deixado fossem ocupados por novos movimentos que, talvez, viesses aprender tanto com suas virtudes quanto com suas fraquezas...”

“...Olhe nas profundezas de seu próprio ser”, disse Peter Arshinov, o amigo de Makhno. “ Busque a verdade e compreende-a por si mesmo. Ela não se encontra em nenhuma outra parte.” Nessa insistência em que a liberdade e a auto realização moral são interdependentes, e pois, uma não pode viver sem a outra, repousa o princípio fundamental do autêntico anarquismo...”

domingo, 25 de setembro de 2011

Anarquistas graças a Deus


Zélia resgata suas memórias da infância e parte da adolescência narrando suas percepções acerca do cotidiano de sua família (imigrantes italianos e anarquistas) durante todo o período que residiram na casa da rua Alameda Santos, SP. Com linguagem simples, com um “q” de criança que conta o que percebe e como se sente, possibilita viajarmos  um pouquinho na sua história e sermos remetidos a  época e fatos da narrativa.

Trechos:

(Sobre quando seu Ernesto deixou o trabalho de motorista) “Mas seu Ernesto não nascera para servir patrões. Não era homem para andar de luvas, empertigar-se ao abrir portas de carros, permanecer imóvel como estátua enquanto os patrões subissem ou descessem do automóvel, receber ordens.Positivamente não nascera para aquilo. Deu um basta, deixou o emprego.”

(Sobre SP)”... Fora esse detalhe, o do trânsito, a cidade crescia mansamente. Não havia surgido ainda a febre dos edifícios altos; nem mesmo o “Prédio Martinelli” – arranha céu pioneiro em São Paulo, se não me engano do Brasil- fora ainda construído. Não existia rádio, e televisão, nem em sonhos. Não se curtia sons em aparelhos de alta-fidelidade. Ouvia-se músicas em gramofones de tromba e manivela, havia tempo pra tudo, ninguém se afobava, ninguém andava depressa.”

(Sobre os enterros) ...”Quando havia algum enterro- no dizer de Savério- crescia a animação, os vizinhos apostavam: quantos cavalos conduzirão o coche funerário? Quantos automóveis o acompanharão? Quantos carros com coroa? Mais homens ou mulheres no cortejo?..”

(Colônia Cecília) “Cardias ainda ia mais adiante: nas ultimas páginas do seu estudo, seus planos, fazia um apelo às pessoas que estivessem de acordo com suas teorias (...) por fim Francisco Arnaldo Gattai encontrava alguém com dinamismo e inteligência, disposto a tornar realidade um sonho, seu e de outros camaradas”

“...Foi no livro do escritor Afonso Schmidt, “Colônia Cecília” publicado em 1942 em São Paulo, que encontrei algumas respostas as minhas indagações, interei-me da extensão da aventura anarquista...”

“...Havia ainda a versão anticlerical do tio Guerrando...”

domingo, 18 de setembro de 2011

Baixio das bestas(Cláudio Assis) e Persona (Ingmar Bergman)




Tá junto, mas não é análise comparativa; só comentários desses dois filmes que assisti esse final de semana.

Baixio das bestas

“ A pobreza é como um câncer, pode ter até parte boa no mundo, mas vai destruindo tudo. Quando tu vê já pegou o pulmão... A pobreza é que vai socializar o mundo!”

Frase dita pelo personagem de Matheus Nachtergaele . O filme aborda exploração, machismo e coronelismo. Particularmente gosto deste diretor. Infelizmente, não foi possível ver ainda Febre de Rato, expressão que por sinal, aparece na cena final deste filme.

Melhor cena: Personagem de Nachtergaele fuma um cigarro de maconha, olha diretamente para câmera e diz: “Sabe o que é o melhor do cinema? É que no cinema tu pode fazer o que tu quer.”

Persona

Uma atriz emudece e uma enfermeira a acompanha em uma casa de campo. Bem psicológico, com cortes no mesmo plano. Não tem como negar, pra quem assistiu Prête- à- Poter 10, o movimento “Adorável Callas” que a criação das atrizes sob supervisão de Antunes filho foi baseada neste filme de Bergman.






terça-feira, 6 de setembro de 2011

Os condenados - A trilogia do exílio - Oswald de Andrade



“Um velho barco tem sempre uma grande história, uma história maior que a do oceano” pg 328 Este trecho do livro resume a sensibilidade “cinematográfica” duma obra de arquivo de vivências pessoais do escritor.



Somos todos barcos...

Orelha(trecho):” Documento do difícil começo do modernismo em SP de 1917 a 1921, romance vaiado na semana de Arte Moderna, retrato do artista brasileiro quando jovem, “Os condenados” reúne os três romances planejados por Oswald para “A trilogia do exílio” no formato original – Os condenados (Alma) (1922). A estrela do absinto (1927) e A escada vermelha (1934). Verdadeiro Roman-fleuve do modernismo, intenso e variado, de personagens que se conhece, segundo Mário da Silva Brito, como Mary Beatriz – síntese de Kamiá, Landa e Dayse- na vida de Oswald; Jorge d´Avelos, síntese do próprio autor com o escultor Brecheret, e Mongol, a Pagu da rebeldia libertária. Romance de primeira geração modernista, drama exuberante e sofrido dos jovens artistas em rebelião contra o conservadorismo da sociedade paulistana, na procura tortuosa de uma vida autêntica, vivendo cenas do espetáculo do sofrimento humano, conta a história de lutas, castigos, desesperos e condenação, onde Carlos Drummond de Andrade viu “uma dor positiva, flagrante, uma dor nua”. Lança um grito de angústia e uma crítica radical dirigidos à família, à igreja, à imprensa e à própria história nacional, uma “indominável revolta contra o meio social” (Nestor Victor)
Monteiro Lobato foi o primeiro a ver a vida de Luquinhas “primorosamente cinematográfica numa série de quadros à Griffth”(1922) O estilo se adapta como um Emaillot à vida trepidante do século” (Sérgio Miliet, 1941)...”

Personagens/cenas (trechos) – Velho Lucas (avô de Alma) “ O velho Lucas, recolhido ante o oratório pequenino e sem vidro dos filhos falecidos,com santos nas paredes internas e uma corte de figuras celestes de diversos tamanhos, trazidos ainda do Amazonas, rezava por todas as madrugadas pálidas ou azuis. Nada queria da vida que lhe dera alguma coisa e tirava mais do que dera. Tinha o cão pequenino, a neta ruiva, o moleque. E sabia que
Deus o esperava no fim das tardes vacilante de seus dias.”

Alma/Telegrafista – “Alma vestia-se numa auréola,rindo muito o seu riso desigual e lascivo daquela amor macambúzio.
Sob o abajur, ouro e azul, o belo corpo numa camiseta transparente e curta, maxixava cantando:
-Tari-tari!Bem picadinho!Vou dançar...
João sentara-se pensando na impossibilidade de prolongar aquela vida.
Na íntima penumbra do peito, sentia correr-lhe um rio de tristezas atávicas, inexpressivo, surdo e tenebroso.
Pensava na sua incapacidade invencível para as festas da terra. Seus pais nunca haviam maxixado, nem sua irmã louca, pobre Ofélia sem Hamlet...”

Jorge- “ Fora sempre um fragmentário. Em torsos quebrados, metades, estudos largados, concentrava numa predileção alegre e constante a força reveladora da sua arte. Era um criador de mutilações”

“Sentia-se cansado. Resignava-se. Aceitaria doravante as diminuições que viessem. Era isso mesmo a vida humana- uma série de quedas físicas e de provações morais, em torno de uma grave e íntima ascensão...”


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Trecho: "Testamento de Rodin"

"...Lembrai-vos disso: não ha traços, só ha volumes. Quando desenhais, nunca vos preocupeis com o contorno, mas com o relevo. É o relevo, que rege o contorno.
Exercitai-vos sem descanso. É preciso acostumar-vos à profissão.
A arte não é senão sentimento. Mas sem a ciência dos volumes, das proporções, das cores, sem a destreza da mão, o sentimento mais vivo paralisa-se. O que aconteceria com o maior poeta em um pais estrangeiro cuja língua ele ignorasse? Na nova geração de artistas há um grande número de poetas que, infelizmente, se recusa a aprender a falar. Por isso, não fazem mais que balbuciar.
Paciência! Não conteis com a imaginação. Ela não existe. As únicas qualidades do artista são: sabedoria, atenção, sinceridade e vontade. Cumpri vossa tarefa como operários honestos.
Jovens, sede verdadeiros. Isto porém, não significa: sede banalmente exatos. Há uma exatidão elementar - a da fotografia e do modelado. A arte só principia com a verdade interior. Que todas as suas formas, todas as suas cores traduzam sentimentos..."

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Shi-zen, 7 Guias - Lume

Aconteceu dia 21/08 no teatro do Sesi Amoreiras: O espetáculo "Shi-zen, 7 Cuias", da reconhecida companhia Lume Teatro, sob direção de Tadashi Endo.
Impressionante, você não quer que a peça termine. Interessante a poética da natureza, a mescla do butô com o que é nosso (Brasil) e o médodo de pesquisa desenvolvido pelo grupo.

http://youtu.be/7QEoAXWUTzE

sábado, 20 de agosto de 2011

Mostra tem cena em Campinas

Integrando o Movimento Apartidário pela Transformação da Política Pública de Campinas, na trilha de resgatar a vida cultural no Centro de Convivência, trazendo ao público o que é do público segue a Mostra tem cena em Campinas.

AGOSTO

Dias 17 (QUA) e 18 (QUI)
20:30
LUME TEATRO
“Kavka- Agarrando um traço a lápis”
Direção Naomi Silman
Com Ricardo Puccetti

Dia 25 (QUI)
20:30
OS GERALDOS
“Hay Amor”
Direção: Verônica Fabrini
Com Gustavo Valezi, Douglas Novaes, Carolina Delduque, Clarissa Moizer, Maíra Coutinho

SETEMBRO

Dia 06 (TER) e 07 (QUA)
20:30
BOA COMPANHIA
“Primus”
Direção: Verônica Fabrini
Com Alexandre Caetano, Davis Otani, Eduardo Ozório e Moacir Ferraz

Dia 15 (QUI)
20:30
ParaladosanjoS
“Euethéia, um elogio a loucura”
Direção: Adelvani Néia
Concepção e interpretação musical ao vivo: Mauro Braga

OUTUBRO

Dia 06 (QUI)
20:30
Barracão Teatro
“Amor Te Espero”
Concepção, dramaturgia e direção geral: Ésio Magalhães
Assistência de direção: Tiche Vianna
Com Cintia Birochi, Kuarahy Fellipe e Esio Magalhães

Dia 12 (QUA)
11:00 e 16:00
OS GERALDOS
“Números para crianças”
Direção Roberto Mallet
Com Carolina Delduque, Júlia Cavalcanti, Douglas Novaes, Gustavo Valezi e Marina Milito


sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Todos os homens são mortais - Simone de Beauvoir





Trata-se da existência eterna de Fosca, nascido na Itália, em 17 de maio de 1229. Aceita tomar o elixir da imortalidade guardada ha anos por um mendigo que sempre adiou bebê-lo e ofereceu a Fosca em troca que este o deixasse viver em tempos de guerra.
“Tenho medo de morrer, mas uma eternidade de vida é demais” assim define o mendigo e assim sente-se Fosca com o passar do tempo, o peso da sua eternidade. Em séculos demonstra afetividade por algumas pessoas: Catarina, sua primeira esposa, esboça amor ao seu neto deste primeiro casamento, séculos depois insita a viver em tempos de paz por seu filho Antônio, seu amor inatingível por Beatriz que amava tanto Antônio como seu próprio sofrimento e debruçava-se aos livros, o amigo Carlier, Marianne de quem escondeu por anos seu verdadeiro destino e Régine, atriz.

Orelha: “ Através de Fosca, personagem do século XIII, conde insatisfeito com Carmona, pequena cidade a seus pés, Simone de Beauvoir empreende uma viagem atemporal por universos contrastantes:Itália, França, Áustria, Novo Mundo, onde quer que a curiosidade atiçasse o espírito de um ambicioso da glória.De posse do elixir da imortalidade, o nobre medieval se frustra paulatinamente em seus projetos, e chega a nossos dias, vindo a conhecer e amar Régine, jovem atriz de sucesso. Os choques advindos destas circunstâncias fazem com que o heróis se debata em meio a questões de suma importância: a matéria da felicidade, o destino, a transcendência, a liberdade, a vida”

Trechos: Ao despedir-se de Beatriz :
“ _ Adeus. Quando eu tiver partido talvez possa recomeçar a viver.
De chofre seus olhos apagaram-se.
_ É tarde demais _disse.
Contemplei com remorsos seu rosto balofo. Se eu não tivesse desejado tão imperiosamente sua felicidade, sem dúvida ela teria amado, sofrido, vivido. Eu a perdera muito mais seguramente do que perdera Antônio.
Disse:
_Perdoa-me.
Toquei os cabelos com os lábios, mas ela já era apenas uma mulher entre milhões de outras; e a ternura e o remorso tinham o sabor das coisas passadas.

Quando Carlier suicida-se:
“Afastei-me. Fui deitar-se atrás de uma árvore. Pensava:”E agora, o que vai ser de mim”. Se não o houvesse encontrado, talvez tivesse podido continuar a caminhar durante cem anos, mil anos. Mas tinha-o encontrado e parara, e não podia reiniciar a caminhada. Olhava a lua subir no céu, quando repentinamente ouvi um tiro no silêncio. Não me mexi,Pensava:” Pra ele acabou. Não será nunca possível abandonar a mim mesmo, deixando atrás de mim tão somente uns ossos secos e nus?”.A lua brilhava, como brilhara na noite em que eu saíra alegre e tremendo de um canal escuro, como brilhava por sobre as casas incendiadas: naquela noite um cão uivava; eu ouvia dentro de mim o longo lamento que subia para o bloco de luz parada. Nunca se apagaria aquele astro morto. Nunca se esvairia este gosto de solidão e de eternidade que era minha vida.”

Sobre Marianne:
“Olhou-me: seus lábios esboçaram um sorriso e ela perguntou envaidecida:
_Agradar-lhe-ia realmente?
Dei de ombros; como explicar que desejava sua presença tão somente para matar o tempo, que tinha necessidade dela pra viver, as palavras me trairiam, diria demais ou de menos;desejava ser sincero com ela, mas nenhuma sinceridade me era permitida. Disse rapidamente:
_Sem dúvida.”

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Com Açúcar com Afeto


























Ainda dá tempo de passar no Macc e prestigiar esta bela exposição e saber um pouquinho sobre quem está por trás das pinceladas ...

“Um naif se encontra pronto, ele não se molda como o espírito”
Sigmund Freud

“ No seu olhar e na sua pintura, os naifs souberam guardar intacto o coração ingênuo da infância da humanidade”
Lucien Finkelstein


Entre eles:

João Altair de Barros
Porto Alegre, RS (1934)
Agricultura Moderna
Acrílica sobre madeira

“Gráfico e pai de santo, começou a pintar em 1950. Até hoje mantêm as duas atividades. A sua pintura é marcada pelos rituais do candomblé.Participou de várias exposições no Brasil e algumas no exterior...”

Paulo Gilvan Duarte Bezerril
Recife, PE 1930
A ceia dos cangaceiros, 1990
Acrílica sobre Eucatex

“Entrou na carreira artística pela música, formou um conjunto vocal, o Trio Iraquitá, que se lançou em Natal RN, onde passou parte da juventude. O trio viajou por toda América Latina e participou de vários filmes. Gilvan começou a pintar em 1972...

Miranda (José Rodrigues de Miranda)
Maceió AL, 1907 – Olinda, PE 1985

Plantação, cerca 1980
Óleo sobre Eucatex

“ Com o primário incompleto, costurou sacos de açúcar, foi pescador, estivador e ajudante de pedreiro. Começou a pintar aos 61 anos e teve uma produção intensa... recebeu menção honrosa da ínsita 94...”

Ermelinda de Almeida
Fortaleza, CE 1947

A plantação de mandioca do meu pai, 2005
Acrílica sobre Eucatex

“foi modelista e bordadeira antes de começar a pintar.Vive no Rio de Janiero desde 1962. Autodidata na pintura como em todas as outras atividades que já exerceu...tem imaginação ilimitada a serviço de um colorido caleidoscópico...”

Local: Museu de Arte Contemporânea de Campinas José Pancetti (rua Benjamin Constant, 1.633 – Centro – Campinas/SP) Horário: de terça a sexta, das 9h às 17h; aos sábados, das 9h às 16h; domingos e feriados, das 9h às 13h Fechado às segundas. Entrada: gratuita

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

domingo, 31 de julho de 2011

Não costumo usar chapéu em dias de verão




“Não costumo usar chapéu em dias de verão, não consigo deixar o cabelo loiro na cor natural e, se meus joelhos ficam a mostra, é como se estivesse sem calcinha.”
Numa ânsia vã de que no fundo ele queira a conhecer para algo além do desejo. Que dá e passa. “quem busca o alimento que não nutre, vai do desejo a gratificação novamente cai no desejo”.
Porque o homem quando transa de primeira vez é porque é “bom” e a mulher é “ruim”. É como se ainda fosse idade média. Não tem como “regulamentar” o desejo sexual com uma mulher assim, não é “pra casar”. Ele não estava interessado em saber qual livro ela estava lendo, se tinha algum projeto ou o motivo do fim do ultimo envolvimento afetivo, só perguntou se estava tudo bem quando a encontrou on line por educação, pra não ser indelicado com quem puxou assunto, na verdade ela percebeu o desinteresse porque a conversa não desenvolveu. Basta pensarmos no significado das palavras no masculino e feminino. Um homem “galinha” uma mulher “galinha”, um homem “vagabundo” e uma mulher “vagabunda”. Que papel teve Eva na história toda?

Depois de muito prazer e ninguém pra dividir o cigarro e o cobertor, o vazio chegou. Não tentava muito existir. Queria que o encontro se repetisse, mas da forma espiral, de outra forma. Disse pra ele antes de se despedir que queria o encontrar mais vezes. Mesmo depois de ele falar que ela poderia “segurar” qualquer homem, um inesperado feedback sexual. Ela não lhe explicou que não era o caso, que na verdade nunca tinha pensado nisso, pensava desnecessário explicar que algumas coisas tinham acontecido somente com ele, se sentiria um tanto adolescente se lhe fizesse esse comentário, assim como sentira-se da segunda vez que o encontrou, soaria como confissão, e ela também não saberia explicar o porquê de explicar que o que aconteceu era só e exclusivamente entre os dois. Talvez ela fosse igual qualquer outra pra ele. Não era igual, era pior do que qualquer outra, apesar de intenso prazer. Ele não quis conhecê-la. É vagabunda. Não é alguém interessante. Ela sente que vai passar novamente um longo período só, até que a ultima noite com aquele desconhecido que não quis conhecê-la fique tão distante a ponto de não haver mais interesse algum em revê-lo. Provavelmente já será verão e não haverá mais necessidade de proteger a cabeça do sereno do inverno.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski 1959-1969



O Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski 1959-1969
Textos e materiais de Jerzi Grotowiski de Ludwik Flaszen com um escrito de Eugênio Barba

Curadoria de Ludwik e Carla Pollastrelli com a colaboração de Renata Molinari. São Paulo: Perspectiva: SESC; Pontedera, IT: Fondazione Pontedera Teatro, 2007.


Nos últimos meses, em meio algumas “correrias” cotidianas li este livro. Basicamente, sem descrever maiores detalhes, como o próprio título descreve, são vários textos de 1959-1969, conferências e trechos de espetáculos. Discorre sobre o que é considerado essencialmente do teatro partindo do campo de ação (toda sala é platéia/teatro sem palco) chegando ao ator (corpo e ofício).
Fala também sobre ritualidade, arquétipo e mito.


Trechos:


Heráclito – “ Aquilo que se opõe converge, a mais belas das tramas forma-se dos divergentes; e todas as coisas surgem segundo a contenda”


“ A essência do teatro que procuramos é pulsar, movimento e ritmo”


“ Para dar a vida a um novo ser, são necessários dois seres diversos: este novo ser é o espetáculo, nós e as fontes, o que é individual e o que é coletivo: são justamente estes dois seres diversos que devem dar vida ao terceiro”

sábado, 2 de julho de 2011

Canção - Fellini

Carne osso choro prata casa noite fogo
Morro velho criança doido alegria
Canção
Ninho transa coisa dia curva
Chuva bonde touro unha fome ônibus karma
Canção dia curva chuva bonde touro
Unha fome ônibus karma sonho verão espera
Canção
Espera neve sino lambreta lua
Abraço hera ladeira preguiça beijo
Suplício sapato
Canção
coisa dia curva chuva bonde
Touro unha fome ônibus Karma
Canção
Dia curva chuva bonde
Touro unha fome ônibus karma sonho verão espera
Canção
Coruja neve sino lambreta preguiça beijo suplício sapato
Canção
Sopro sarda suspiro trégua sono
Ouvido carne osso choro prata casa
Noite fogo morro velho criança doido alegria
Ninho transa canção dia curva chuva
Bonde touro unha fome ônibus karma sonho
Verão espera
Canção...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

As Moscas



Continuo sem tempo de ler ou escrever sobre o que escrevo aqui de costume, aliás o tempo continua diminuto para dedicar-me as leituras também. Por boa causa.



Como é um blog pra você e as moscas, nada mais justo do que homenagea-las, com um texto deste autor que vale a pena conhecer.












As Moscas




Augusto Monterroso




Há três temas: o amor, a morte e as moscas. Desde que o homem existe, esse sentimento, esse temor, essas presenças nos acompanham sempre. Tratem os outros dos primeiros. Eu me ocupo das moscas, que são melhores que os homens, não que as mulheres. Fazem anos tive a idéia de reunir uma antologia universal da mosca. Continuo querendo. Sem embargo, logo me dei conta de se tratar uma empresa praticamente infinita. A mosca invade todas as literaturas e, claro, onde alguém põe o olho encontra a mosca. Não há verdadeiro escritor que em uma oportunidade não lhe tenha dedicado um poema, uma página, um parágrafo, uma linha; e se é escritor e não o tenha feito, aconselho-te que siga o meu exemplo e corras a fazê-lo. As moscas são Eumênides, Erínias; são castigadoras. São as vingadoras de não sabemos o quê; mas sabes que alguma vez te perseguiram e que te perseguirão sempre. Elas vigiam. São as enviadas de alguém inominável, boníssimo e maligno. Seguem-te. Observam-te. Quando finalmente morrer é provável, e triste, que baste uma mosca para levar quem pode dizer a onde tua pobre alma distraída. As moscas transportam, herdando infinitamente a carga, as almas de nossos mortos, de nossos antepassados, que assim continuam próximos de nós, acompanhando-nos, empenhados em nos proteger. Nossas pequenas almas transmigram através delas e elas acumulam sabedoria e conhecem tudo o que nós não nos atrevemos a conhecer. Quem sabe o último transmissor de nossa torpe cultura ocidental seja o corpo desta mosca, que vem reproduzindo-se sem enriquecer-se ao longo dos séculos. E, bem observada, creio que diga Milla (autor que supostamente desconheces mas graças a ocupar-se da mosca hoje é mencionado pela primeira vez), a mosca não é tão feia como à vista parece. Mas à primeira vista não parece feia, precisamente porque ninguém viu uma mosca à primeira vista. Toda mosca foi vista sempre. Entre a galinha e o ovo há a dúvida de quem veio primeiro. A ninguém ocorreu se a mosca veio antes ou depois. No princípio foi a mosca. (Era quase impossível que não apareceria aqui isso de que no princípio foi a mosca ou qualquer outra coisa semelhante. Dessas frases vivemos. Frases moscas que, como as dores moscas, não significam nada. As frases perseguidoras de que estão cheios nossos livros.) Esqueça mais fácil que uma mosca pare no nariz do papa que o papa pare no nariz de uma mosca. O papa, o rei ou o presidente (o presidente da república, claro; ou o presidente de uma companhia financeira ou comercial ou de produtos equivalente é geralmente tão ignorante que se considera superior a elas) são incapazes de chamar a sua guarda suíça ou a sua guarda real ou a seus guardas presidenciais para exterminar uma mosca. Ao contrário, são tolerantes e, quando muito coçam o nariz. Sabem. E sabem que a mosca também sabe e os vigia; sabem que o que na realidade temos são moscas de guarda que nos cuidam a toda hora de cair em pecados autênticos, grandes, para os quais se necessitam anjos da guarda de verdade que logo se descuidem e se voltem cúmplices, como o anjo da guarda de Hitler, ou como o de Johnson. Mas não há que fazer caso. Retorna ao nariz. A mosca que pousou no seu nariz é descendente direta da que pousou no de Cleópatra. Uma vez mais caí nas alusões retóricas pré-fabricadas que todo mundo já fez antes. A mosca quer que a envolva nesta atmosfera de reis, papas e imperadores. Consegue. Domina-te. Não podes falar dela sem sentir-se inclinado a grandeza. Oh, Melville, terias que recorrer a todos os mares para instalar ao fim essa grande baleia sobre teu escritório em Pittsfiel, Massachusetts, sem reparar que o mal revoava desde muito ao redor do teu sorvete de morango nas calorosas tardes de tua infância, passados anos, sobre ti mesmo quando ao crepúsculo te arrancava um que outro pelo da barba dourada lendo Cervantes e polindo teu estilo; e não necessariamente em aquela enormidade informe de ossos e esperma incapaz de fazer mal nenhum a não ser a que interrompesse sua sesta, como o louco Ahab. E Poe e seu corvo? Ridículo. Tu olhas a mosca. Observa. Pensa.




Augusto Monterroso nasceu em 1921, na Guatemala. Em 1944, mudou-se para o México e, depois de muito observar a fauna daquele país e de outros, se convenceu de que "os animais se parecem tanto com o homem que às vezes é impossível distingui-los deste". Assim surgiu "A ovelha negra e outras fábulas", lançado pela Editora Record - Rio de Janeiro, 1983, com tradução de Millôr Fernandes e ilustrações de Jaguar.Dele disse o escritor russo que se criou nos Estados Unidos, Isaac Asimov: "Os pequenos textos de A ovelha negra e outras fábulas, de Augusto Monterroso, aparentemente inofensivos, mordem os que deles se aproximam sem a devida cautela e deixam cicatrizes. Não por outro motivo são eficazes. Depois de ler "O macaco que quis ser escritor satírico", jamais voltei a ser o mesmo."Foi agraciado, em 2000, com o Prêmio Príncipe de Astúrias de Letras. Um dos escritores latinos mais notáveis, Monterroso tem predileção por contos e ensaios. "O dinossauro", uma de suas obras mais célebres, é considerado o menor conto da literatura mundial: "Quando acordou, o dinossauro ainda estava lá". Augusto Monterroso faleceu em fevereiro/2003.






O texto acima teve a tradução de Marcos Alqueire.






quarta-feira, 15 de junho de 2011

Pra você e as moscas




Ando sem tempo de escrever aqui...




O tempo passa... as coisas mudam...




Amém!








Um até breve pra você que ainda me acompanha nisto aqui e as queridas moscas!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Da criação ao roteiro



Autor: Doc Comparato



Segunda Edição

É um livro fundamental pra quem pretende desenvolver roteiros. Assim segue parte da apresentação:
“... Trata-se, portanto, de um livro irrecusavelmente didático, voltado em primeiro lugar para os principiantes. Mas o caráter pedagógico não inibe a viveza da expressão, que sabe incorporar, quando necessário, o tecnicismo insubstituível.
A matéria está distribuída por dez capítulos que focalizam desde a idéia aos primeiros apontamentos até o roteiro em sua forma final, passando por tópicos como conflito, a personagem, ação, tempo e unidade dramáticas. Todos os capítulos começam por um texto reflexivo sobre o assunto em pauta e terminam por uma recapitulação ordenada da explanação e uma proposta de exercícios práticos que visam testar a apreensão e compreensão dos conteúdos...”

O capítulo primeiro tem início com um trecho de A. Chekov:

“Conselho aos dramaturgos...tente ser original na sua obra e tão diligente quanto lhe for possível, mas não tenha medo de se mostrar pateta. Devemos ter liberdade de pensamento e só é um pensador emancipado aquele que não tem medo de escrever patetices. (...) a brevidade é irmã do talento. Lembre-se, a propósito, de que declarações de amor, de infidelidades de maridos e esposas, viúvos, órfãs e outras desditas vêm sendo descritas desde há muito. (...)e o principal é que o pai e a mãe devem comer. Escreva. As moscas purificam o ar, e as obras, a moral.”

Particularmente achei a leitura bastante interessante e didática. O livro é finalizado com pósfacio de outros roteiristas onde Jonathan Gelabert coloca com humor uma “prevenção” às dez máximas que o jovem roteirista ouvirá nos seus primeiros anos de profissão: Aí vão elas, sem os comentários.

1” -Pago menos, porque você não é ninguém”
2- “Esta perfeito, mas...”
3“Tenho nas mãos algo sensacional. Por que não...?”
1- “Eu mesmo faria, mas não tenho tempo.”
2- “Você está começando, tenha um pouco de paciência”
3- “É que vocês, os escritores...”
4- “Eu, na verdade, não sei o que faço aqui.”
5- “Esta idéia era minha.
6- ”Como é que alguém conseguiu um subsídio pra fazer isso?”
7- “O ator deve dizê-lo, de qualquer maneira.”

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O sangue dos outros



“Segundo romance de Simone de Beauvoir, O sangue dos outros narra o conflito de um membro da Resistência que se vê forçado a optar entre o engajamento social e o dever pessoal. Seguindo o pensamento existencialista, a autora procura analisar "a maldição original que constitui, para cada indivíduo, sua coexistência com todos os outros."”

Um pouco difícil de ler, tive que voltar várias vezes.

Algumas passagens das personagens:

“ ...Eu estava ali, diante de você; e pelo fato de ali estar, você me encontrou, sem motivo, sem o haver querido: você poderia daí em diante, aproximar-se ou fugir, mas não podia impedir que eu existisse a sua frente...”

“...Não fazer política é outra maneira de fazê-la...”

“...Ficou um momento aturdida: aquele casamento era como o fundo misterioso da noite: fazia parte dos mitos em que todo mundo fala com seriedade mas nos quais ninguém acredita de verdade...”

“...Ser amado não é La muito divertido; é muito mais interessante encontrar alguém a quem se possa amar...”

“...As pessoas são livres – dizia eu – mas apenas cada qual por si mesma: não podemos tocar em sua liberdade, nem provê-la ou exigi-la. E é isto que acho tão doloroso: o que faz o valor de um homem só existe pra ele e não pra mim, atinjo apenas o seu exterior e eu, pré ele não sou mais que uma exterioridade, um dado absurdo; um dado que nem sequer foi escolhido por mim...”

“Fazer política equivalia a reduzir os homens à sua aparência apreensível, a tratá-los como massas inconscientes, reservando apenas para mim o privilégio de existir como pensamento vivo: entretanto, para conseguir atuar sobre corpos inertes, para movê-los, este mesmo pensamento deveria transformar-se em força mecânica, opaca, na qual eu não mais me reconhecia...”

...” Li de uma feita: cada homem é responsável por tudo, diante de todos. E isto me parece tão verdadeiro!...”

...”Criar é um esforço para exprimir o ser, mas antes de tudo é preciso ser...”

...” É fácil pagar com o sangue dos outros.O sangue dos outros e o nosso não são a mesma coisa...”

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A entrevista de ajuda




Autor: Alfred Benjamim








Piro e as vezes leio ou releio uns mais técnicos.




É um livro básico e fundamental pra quem realiza entrevistas de ajuda, em qualquer área de atuação profissional.
São apresentadas e analisadas várias maneiras pelas quais os entrevistadores se comportam e que influências isto pode exercer no entrevistado.
O autor enfatiza e estimula a busca aproximada do comportamento do entrevistador com sua própria filosofia.

Na introdução do editor C. Gilbert coloca “ Este livro trata justamente de tal questão crítica: como fazer da entrevista de ajuda um relacionamento de ajuda? É o único livro atual que conheço sobre entrevista, tradada com sensibilidade e de forma total”

O autor é bastante influenciado por Carl Rogers.
Eis um trecho que gostei: “... A entrevista de ajuda é mais uma arte e uma habilidade do que uma ciência, e cada artista precisa descobrir seu próprio estilo e instrumento para trabalhar melhor. O estilo amadurece com experiência, estímulo e reflexão”

Relicário

GRUPO SEGUNDO ENCONTRO


“... Desejo, medo, amor, saudade, brincadeira, etc.. Estes são alguns dos elementos que são aos poucos pendurados neste varal de memórias compartilhadas, buscando na possibilidade de imaginar, uma forma de perceber e recriar a vida ( e talvez a própria morte)”

Elenco


Cris Nucci
Fernando Perin
Guilherme Maximo
Quesia Botelho

Ficha técnica

Criação e interpretação: o grupo
Direção e dramaturgia: Ana Clara Amaral
Assistência de direção e treinamento técnico: Eduardo Brasil
Coreografia: Ana Clara Amaral e elenco
Concepção de luz e operação: Eduardo Brasil
Sonoplastia: Ana Clara Amaral
Operação de som: Juliana Saravali Garcia
Operação áudio visual: Paulo Eduardo Rosa
Contra-regragem e participação final: Beatriz Coimbra

Aconteceu no Barracão Teatro este espetáculo não linear de teatro dança que é resultado do desejo de experimentação, trabalho e dedicação de ex- alunos do Curso Livre de Teatro. Espero em breve assistir outros trabalhos do grupo!



domingo, 24 de abril de 2011

Prêt-à-Porter 10



“As performances Prêt-à-Porter expõe a síntese do método do ator desenvolvido pelo diretor Antunes Filho, por meio da apresentação de cenas naturalistas, além de explanações sobre as técnicas interpretativas e a ideologia que fundamentam o trabalho.
São cenas totalmente criadas pelos atores, que se encarregam de encontrar o tema, desenvolvê-lo através de improvisações, realizar a dramaturgia e se auto-dirigir.
As performances do Prêt-à- Porter representam, portanto, introdução a novo conhecimento da criação dramática que, sendo um novo paradigma, solicita dos atores do grupo a revisão de conceitos sobre a arte do ator, da dramaturgia e da própria encenação.”

Movimentos:

1- Adorável Callas
Com Nara Mendes e Patrícia Carvalho
Enfermeira passa mais um dia cuidando de renomada artista.

2- O homem das Viagens
Com Marcos de Andrade e Natalie Pascoal
Senhorita convida recém-conhecido para chá da tarde.

3- Cruzamentos
Com Geraldo Mário e Marcelo Szpektor
Empresário, traumatizado por conflitos no Oriente, estabelece estranha relação com um de seus funcionários.

Muito bom assistir a estas performances de tamanha qualidade e poder ver resultados do método de trabalho de Antunes no ator em cena. Quase duas horas somando as três apresentações e nem se sente o tempo passar...

terça-feira, 19 de abril de 2011

Chuva Pasmada





Sinopse: “Indecisa entre céu e terra, a chuva não cai: uma chuvinha suspensa, leve pasmada, aérea. Ninguém se recordava de um tal acontecimento. Aquele lugar poderia estar sofrendo maldição. “Chuva Pasmada” encena o conto homônimo do escritor moçambicano Mia Couto. O espetáculo, no entanto, não procura, em chão de África, a imagem da terra árida; entrevê, nas relações humanas, centelhas de gotas que não se desempenham. O espetáculo marca o reencontro de Alice Possani, atriz do Matula, e Eduardo Okamoto...”

A peça não apresenta personagens determinados, os atores revezam os personagens . A peça é um pouco extensa, mas sem dúvida alguma, vale a pena prestigiar!

domingo, 3 de abril de 2011

O Feminino o verso e a cena - Sesc Campinas





AGDA




Mês da mulher é todo mês, mas o mês de março do SESC Campinas superou as expectativas! Hilda Hilst foi homenageada, suas palavras transcenderam a palavra escrita em cena através do espetáculo Agda. “Agda traz à cena uma mulher em sua busca para questões da existência humana: a finitude da vida e a incompatibilidade entre os desejos do corpo e do espírito. Para isso serve-se de elementos de teatro, dança prosa e poesia, em um delicado jogo de construção e desconstrução de imagens e personagens” Atuação: Alice Possani, Melissa Lopes e Verônica Fabrini. Texto original: Hilda Hilst. Direção, adaptação e iluminação: Moacir Ferraz. Figurino: Juliana Pfeifer e Sandra Pestana. Cenografia: Juliana Pfeifer. Trilha Sonora: Mauro Braga e Silas Oliveira. Produção: Nathália Cogo. Realização: Grupo Matula de Teatro e Boa Companhia. Duração: 60 min.




A parceria criativa dos grupos ainda realizou oficinas de teatro música e literatura! Recebendo os participantes com todo carisma. As fotos que tirei são da Casa do Sol, onde fomos muito bem recepcionados.A vista a partir da Figueira e o portão visto da frente da casa.

terça-feira, 29 de março de 2011

Teatro - março/RJ





NISE DA SILVEIRA SENHORA DAS IMAGENS




Nise da Silveira muito contribui para uma relação mais humana entre médico e paciente. Tem obras importantes que são referência em psicologia e arteterapia. Pra quem não conhece, quando passar pelo RJ vale a pena conhecer o Museu do Inconsciente. A peça esta em cartaz por tempo prorrogado este mês de março no espaço Caixa Cultural RJ. O espetáculo é dinâmico e poético. A atriz Mariana Terra interpreta as “diversas Nises”, sempre esperava que aparecesse a velha, que me levava mais ao universo que era transmitido. Não comove, mas transmite com clareza artisticamente um pouco de como foi a vida da homenageada Nise.






A HISTÓRIA DO HOMEM QUE OUVE MOZART E A MOÇA DO LADO QUE ESCUTA O HOMEM




Desassossega desencadeia emoções. Um dos estilos de teatro que particularmente aprecio. Texto denso, iluminação e cenário adequado a proposta e atores que se entregam de alma. Assim estava no guia de teatro do RJ “ A história do homem que ouve Mozart e a moça do lado que escuta o homem de Francis Ivanovich. Reflexão sobre a incomunicabilidade ao abordar as contradições humanas estabelecendo fronteiras entre corpo e alma, consciência e existência. Com Adriana Zattar e Roberto Brindelli. Dir. Luiz Antonio Rocha. Sesc Tijuca”

segunda-feira, 14 de março de 2011

Mulher Desiludida - Simone de Beauvoir



A obra é composta de duas historias e tem o tempo como tema recorrente. Em ambas, a protagonista faz reflexões e comparacões continuas sobre seu passado e seu presente.Em "Idade da discricão" o tema é envolto a desilusão a respeito do caminho que o filho decidiu seguir e o processo de envelhecer junto a um companheiro. Monique, a protagonista da segunda novela nos envolve com seus problemas, na tentativa vã de prolongar um casamento de forma aberta, um casamento que na verdade já acabou há dez anos. Seus questionamentos buscam compreender como era ela há tempos atrás, o que fez, o que deixou de fazer e por quais motivos.Ambas pedem nossa compreensão de suas acões e comportamentos.




Livro lido de 01/03/11 a 08/03/11 - RJ


terça-feira, 8 de março de 2011

COELHO BRANCO SOBRE BRANCO



No Rio de Janeiro, ainda mais em pleno carnaval, vem aquela nostalgia de passar em lugares que eu passava num passado próximo.




Coelho branco sobre branco de Alessandra Colasanti com o ator Pedro Henrique Monteiro está em cartaz no Oi Futuro Flamengo até o final do mês .


Um coelho imortal sobrevivente do Circo Utopia. O estilo do monólogo casa muito bem com a proposta do local onde é encenado. Contando a históra do mundo de big bang aos fins dos tempos.


Segue como o folder descreve:




"Ciência, alucinação e luxuria! Era uma vez o circo utopia, o ultimo circo do mundo. No passado multidões vinham de longe para ver a Mulher Barbada de Três Metros de Altura, a Menina de Sete Pernas, o Homem Árvore ou a Velha Senhora Vazo. Durante o século XX o circo Utopia entra em declínio. E hoje, não passa de um circo de uma aberração só. Alertamos as pessoas sensíveis, geólogos, biólogos, antropólogos, sociólogos, rapsodos e artistas em geral que não nos responsabilizamos pela narrativa que se seguirá, não nos responsabilizamos por nenhuma narrativa. Mas, uma coisa é certa, suas vidas ficarão divididas entre o antes e o depois deste dia. E o resto é história. Senhoras e senhores, o Circo Utopia tem o prazer de apresentar a história do mundo segundo a perspectiva de um coelho imortal, do Big Bang ao fim dos tempos. Uma pantomina antológica. Tudo o que você sempre quis saber sobre a origem do universo e seus desdobramentos. É o ovo? É o Mito? É lenda? É o fim? Preparem-se. É com imenso orgulho que apresentamos nossa maior aberração. Ele, o nosso narrador. Com vocês o Coelho Branco Sobre Branco!"




A foto é de André Mantelli -*Almanaque Virtual

DIA DAS MULHERES!


SÓ PRA CONSTAR!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Popularização do Teatro


POPULARIZAÇÃO DO TEATRO

Termina hoje a campanha de popularização do teatro de Campinas organizada pela APTC.
A iniciativa da venda de ingressos a preços populares é bem legal e importante, pois sempre leva pessoas que não costumam ir ao teatro ou mesmo aproveitam a oportunidade para assistirem pela primeira vez uma peça. Isto deveria exigir dos organizadores e de cada direção dos grupos escolha cuidadosa dos temas a serem abordados, assim como mais profissionalismo em palco.
Decepcionada com os conteúdos apelativos e preconceituosos apresentados nas peças iniciais, desanimei da temporada e não fui mais, pensando seriamente que poderia ter optado pelas infantis.
Em todo caso,das que eu posso opnar, algumas mais ou menos “salvam-se”, assim como a atuação de alguns atores isolados em cada grupo. “Folias do coração” (Grutas) e “Vidas Secas”(MKG Produções- SP)
Paralelamente acontece o Terra Lume em Barão Geraldo, com palestras, mesas redondas e projeções (gratuitas e aberta a todos interessados e teatro) e não só aos alunos que chegam de diversas regiões do país e outros países. Gostaria de ter participado de uma oficina, mas, sem indicação ou projetos de pesquisa da área, os valores são um tanto “salgado” no momento.
Mas, felizmente, aconteceu também o [inter]feverestival com apresentações de rua e algumas oficinas oferecidas pelo Sesc. E, ontem à tarde pude prestigiar o infantil “Os Artistas” da Cia Nau de Ícaros, que encanta os adultos e as crianças!

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Crepúsculo dos Deuses


Crepúsculo dos Deuses
Billy Wilder, 1950

Deste, fiz questão de anotar algumas frases ditas pelos personagens, não referindo qual deles proferiu, por que... Acaba sendo fácil saber. Muito bom!!! Não merece ser deixado às moscas só por causa do tempo...


Sinopse: “A ex-estrela de filmes mudos Norma Desmond vive solitária com seu fiel empregado Max von Mayerling em sua mansão residida no endereço da famosa Sunset Blvd. Sua vida ganha uma nova guinada quando o fracassado roteirista Joe Gillis chega em sua casa fugindo de cobradores, utilizando a mansão como cativeiro perfeito para que ninguém o encontre. Quando Norma descobre que Gillis é um roteirista, resolve lhe mostrar o rascunho de uma história, e pede que o rapaz a melhore para que Cecil B. DeMille a dirija no papel principal.”

Sem contar que fala da crueldade com a profissão artista, ainda atual...

“Ainda é maravilhoso não acha? E sem diálogos.”

“Os melhores roteiros foram feitos de barriga vazia.”

“ As vezes é interessante ver o tanto que as pessoas escrevem mal, e o roteiro dela prometia”

“... Os outros eram amigos atores, pessoas inexpressivas da época do cinema mudo.”

“Ela ainda acenava pra um desfile que havia passado.”

“Eu sou grande. Os filmes é que ficaram pequenos”

“As platéias não pensam em quem escreve os filmes, acham que os atores fazem o que lhes dá na telha.”

domingo, 9 de janeiro de 2011

Cinema, Aspirinas e Urubus


Cinema, Aspirinas e Urubus

Direção: Marcelo Gomes
Atores: João Miguel e Peter Ketnath

Um bom filme, ótimas imagens e jogadas de cores. Road- Move. A trilha sonora é composta das músicas que acontecem nas cenas. Ai considera-se trilha sonora? ...
De Lamartine Babo, interpretação de Francisco Alves:

“Serra da Boa Esperança,
Esperança que encerra
No coração do Brasil
Um punhado de terra
No coração de quem vai,
No coração de que vem,
Serra da Boa Esperança,
Meu último bem
Parto levando saudades,
Saudades deixando,
Murchas, caídas na serra,
Bem perto de Deus
Oh, minha serra,
Eis a hora do adeus
Vou-me enbora
Deixo a luz do olhar
No teu luar
Adeus!..”

Segue-se a sinopse como vem no DVD:

“ O ano é 1942, o mundo vive a Segunda Guerra Mundial. Um alemão de nome Johann sai do rio de Janeiro e, direige rumo ao Nordeste do Brasil, um caminhão carregado de frascos de Aspirina* e filme com propagandas do produto. Nessa viagem, Johann conhece um país ao mesmo tempo que escapa das notícias da guerra.
Ranulpho, morador de uma pequena vila , faz o percurso inverso, ou seja, está indo buscar uma vida melhor no promissor e industrializado sudeste do país, e pra isso, deixa sua pequena cidade natal rumo ao riop de Janeiro.
Em uma estrada árida e desabitada, acontece o encontro ocasional desses dois personagens. Interesses em comum e a promessa de cada um chegar ao seu destino faz com que johann e Ranulpho partam nesta aventura juntos. Uma aventura que vai mudar suas vidas pra sempre.
Um road-movie emocionante vivido por personagens inesquecíveis.”

domingo, 2 de janeiro de 2011

Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera


Primavera, Verão, Outono, Inverno... e Primavera


Filme escolhido de forma aleatória numa das ultimas locadoras que resta na cidade, depois de ler a sinopse, claro. Sem resenha, observações sobre a natureza do ser humano, Budismo, Taoísmo, machismo ou comentários sobre as Coréias atualmente...
Diretor coreano, Kim Ki –Duk...
Então, coloco uma imagem que gostei do filme e transcrevo a sinopse a quem possa interessar.

“Ninguém é indiferente ao poder das quatro estações e do seu ciclo anual de nascimento, crescimento e declínio. Nem mesmo os dois monges que compartilham a solidão em um lago rodeado por montanhas. Assim como as estações, cada aspecto de suas vidas é introduzido com uma intensidade que conduz ambos a uma grande espiritualidade e a tragédia. Eles também estão impossibilitados de escapar da roda da vida, dos desejos, sofrimentos e paixões que cercam cada um de nós. Sobre os olhos atentos do velho monge vemos a experiência da perda da inocência do jovem monge, o despertar para o amor quando uma mulher entra em sua vida, o poder letal do ciúme e da obsessão, o preço do perdão, o esclarecimento das experiências. Assim como as estações vão continuar mudando até o final dos tempos, na indecisão entre o agora e o eterno, a solidão será sempre uma casa para o espírito...”