Zélia
resgata suas memórias da infância e parte da adolescência narrando suas
percepções acerca do cotidiano de sua família (imigrantes italianos e
anarquistas) durante todo o período que residiram na casa da rua Alameda Santos,
SP. Com linguagem simples, com um “q” de criança que conta o que percebe e como
se sente, possibilita viajarmos um
pouquinho na sua história e sermos remetidos a época e fatos da narrativa.
Trechos:
(Sobre
quando seu Ernesto deixou o trabalho de motorista) “Mas seu Ernesto não nascera
para servir patrões. Não era homem para andar de luvas, empertigar-se ao abrir
portas de carros, permanecer imóvel como estátua enquanto os patrões subissem
ou descessem do automóvel, receber ordens.Positivamente não nascera para
aquilo. Deu um basta, deixou o emprego.”
(Sobre
SP)”... Fora esse detalhe, o do trânsito, a cidade crescia mansamente. Não
havia surgido ainda a febre dos edifícios altos; nem mesmo o “Prédio Martinelli”
– arranha céu pioneiro em São Paulo, se não me engano do Brasil- fora ainda
construído. Não existia rádio, e televisão, nem em sonhos. Não se curtia sons
em aparelhos de alta-fidelidade. Ouvia-se músicas em gramofones de tromba e
manivela, havia tempo pra tudo, ninguém se afobava, ninguém andava depressa.”
(Sobre
os enterros) ...”Quando havia algum enterro- no dizer de Savério- crescia a
animação, os vizinhos apostavam: quantos cavalos conduzirão o coche funerário?
Quantos automóveis o acompanharão? Quantos carros com coroa? Mais homens ou
mulheres no cortejo?..”
(Colônia
Cecília) “Cardias ainda ia mais adiante: nas ultimas páginas do seu estudo,
seus planos, fazia um apelo às pessoas que estivessem de acordo com suas
teorias (...) por fim Francisco Arnaldo Gattai encontrava alguém com dinamismo
e inteligência, disposto a tornar realidade um sonho, seu e de outros camaradas”
“...Foi
no livro do escritor Afonso Schmidt, “Colônia Cecília” publicado em 1942 em São
Paulo, que encontrei algumas respostas as minhas indagações, interei-me da
extensão da aventura anarquista...”
“...Havia
ainda a versão anticlerical do tio Guerrando...”
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