quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O doce veneno do escorpião

O DOCE VENENO DO ESCORPIÃO
Autora: Bruna Surfistinha/Raquel

Entre um livro e outro da estante de um amigo, me deparo com tal livro. Como eu particularmente não compraria, surgiu a oportunidade de ler. Assim, rápido, em duas sentadas (no bom sentido).

Não me surpreendeu muito o fato da moça não ter aptidão literária, digo isso porque a vi em parte de uma entrevista em que ela falava do porquê do livro. Nunca entrei no seu blog (também no bom sentido) Tá, paro de graça sem graça.

Ainda assim, havia uma esperança em mim, de que ela, entre um programa e outro fosse adepta a leitura. (o que é fundamental pra escrever um livro, ainda que auto biográfico), não parece, não fala muito dela, fala de episódios da adolescência. Digo, não aprofunda (não vou dizer que no bom sentido) não explora seus pensamentos e emoções nos fatos narrados. Fica superficial, narra orgias em swingers, o que chega a ser repetitivo, diz quando gosta ou não dos clientes, comenta poucos casos incomuns. É contraditória em vários aspectos, Talvez, se explorasse os ossos do ofício, narrando o difícil da vida “fácil” não abrisse margem pra esse tipo de dualidade. Pois, alguns conceitos que ela diz discordar moralmente (simplesmente citando) assim os faz na prática, e ainda diz gostar quando narra, dá a impressão que ela ou não percebe a sua própria contradição (não concordo com isso nem gosto, mas quando faço gosto) ou com muito esforço do leitor, imaginando como é o comércio por trás disso tudo, pode pensar que ela é obrigada. Mas se assim ela é, ela diz gostar do que não gosta. Fato narrado.


Inicia o livro dizendo que o que é diversão pra uns é labuta pra ela. No entanto, da média de trinta e seis clientes semanais, ao relatar passa a impressão de que se satisfaz com trinta e quatro, pode até ser real, mas como já foi colocado, mais interessante seria ouvir o lado difícil pra ela, e talvez até porque assim seja, não foi bem explorado. Imagino o quanto é angustiante fazer exames trimestrais de saúde... Conclui-se que a sua labuta não é tão prazerosa o quanto relata quando diz que sua vontade é colocar o passado numa gaveta e esquecê-lo, ou ainda quando diz que quer ser psicóloga ou casar e ter filhos. Ora! Pois bem! Escreveu um livro, ganhou dinheiro com ele, se alto promoveu e foi elogiada em sua profissão por quem consome seus serviços, o que deve ter-lhe rendido mais. Parece que o livro vai virar filme (desconheço sobre isso), e diz que quer simplesmente colocar isso na gaveta. Tá bom. Acredito.

Não me surpreendeu ela ser de boa família e querer ter mais financeiramente, chegando a roubar jóias da mãe, assim como não é novidade saber que a maioria dos clientes são casados, ainda que o fato de preferirem ser passivos foi novidade para o quesito “possível estatística” desta preferência sexual.

Uma coisa que é paradoxal são os p...,, b... c.... Tremenda chatice a repetição da leitura disso. Se pau, pinto, pênis ou pica, só ela sabe.

Bom, eu poderia pautar outras coisas conflitantes no livro, pegar mais pesado, mas tudo tem seus dois lados. Como eu já disse, eu não compraria, mas esperava que fosse melhor, é bom saber que não é, porque não leio outro dela, nem que me apareça pelo correio, pelo menos não se eu não quiser passar raiva. Espero que a publicação deste livro incentive a outras profissionais do ramo a escreverem mais sobre este contexto que deve ter muito mais a ser explorado, tanto com benefícios para o individual como no coletivo.
Espero que seja um bom diretor, que possa acrescentar ao livro , assim como tenha bons atores, alguns podem fazer milagres, o que me dá esperança de que o filme possa ser melhor que o livro, pela primeira vez na vida. Já que não é assim que acontece, em especial com os livros do Sthephen King, que, na minha opinião como leitora são bons e os filmes cômicos, de tão ruim como “Carrie, a estranha”. Salvo “O Iluminado” que como filme, até que é bom.
O livro, como biografia dá margem pra desenvolver uma personagem. Isso também é legal, e não pode ser descartado. Pela quantidade e preferências de clientes ela mesma joga estatísticas, o que também é interessante.
Ler esse livro me deu vontade de ler “memórias de minhas putas tristes” de Gabriel Garcia Marques, já ouvi falar bem, este eu compro, de preferência se der sorte em sebo, porque é o que o momento me permite, ou posso pedir de presente!
Lendo o livro, recomendo à Surfistinha, além de você e as moscas que acompanham este blog lerem “Orlando- uma biografia” de Virginia Wolf, “Angústia” de Graciliano Ramos e “O mal estar da civilização” de Freud.
Bom, apenas expressei minhas impressões, como leitora. É só. Parece que certo otimismo está voltando, deve ser porque agora começa o ano...

Um comentário:

Filosofia e Cinema disse...

Bem explícito seu comentário. (no bom sentido)

É um livro que não leria, pelas mesmas razões postadas por você. Ainda bem que você fez esse sacrifício por nós, as moscas.