domingo, 25 de maio de 2014

A Queda - Albert Camus

Um monólogo. Narrador Jean Baptiste Clemence, auto denomina-se juiz penitente, advogado.Mas particularmente prefiro os trechos em que se auto denomina papa, e também, certamente por identificação, quando denomina-se ourives, nesta última visando a necessidade de um ambiente sem livros.
Local: Amsterdã

Uma amiga: - Já terminou de ler o livro, me empresta?Qual é a história
Eu: -  Sim, é narrativa em primeira pessoa.Ele é um advogado. Nas primeiras páginas é difícil, mas insiste que depois flui.
Ela, uns minutos depois: - Com quem que ele tá falando? A pessoa nunca responde!
Eu: - Se esperar a pessoa responder, vai esperar o livro inteiro. A pessoa nunca vai responder.
Amiga: Ah!Por isto! O autor é do teatro, por isto você gostou...não gostei, me empresta outro.
Eu: Eu nem sabia que ele era do teatro, fiquei sabendo por este livro mesmo, que no final fala da vida dele...
Penso:- Do teatro e ficou apenas um ano no partido comunista, tai mais motivos pra gostar dele, realmente.
Amiga: - Empresta outro.
Eu: (Empresto A Morte Feliz do mesmo autor e Belas Imagens da Simone) até agora não obtive impressões sobre a leitura...



Trechos:

"Quer ter uma vida limpa?Como todo mundo?" É claro que a resposta é sim. Como dizer não?"Está bem. Pois vai se arruinar. Pegue aí um emprego, uma família, férias organizadas." E os pequenos dentes cravam-se na carne até os ossos.Mas estou sendo injusto. Não se deve dizer que a organização é deles.Ela é nossa, afinal de contas: é o caso de saber quem vai arruinar o outro..."

"As profissões me interessam menos que as seitas"

"Gozava minha própria natureza, e todos nós sabemos que é aí reside a felicidade, se bem que, para nos 
tranquilizarmos mutuamente, demonstrássemos por vezes, condenar esses prazeres sob o nome de egoísmo"

"Imagine os cartões de visita: Dupont, filósofo apavorado, ou proprietário cristão, ou humanista adúltero, a escolha é grande, na verdade. Mas seria o inferno! Sim, o inferno deve ser assim: ruas com tabuletas e nenhuma possibilidade de explicação. Fica-se classificado, de uma vez para sempre..."

"Bem entendido, o verdadeiro amor é excepcional, dois ou três em cada século, mais ou menos.No resto do tempo há vaidade ou o tédio."

"Uns gritam: "Ame-me!". Outros: "Não me ame!". Mas uma certa raça, a pior e mais infeliz: "Não me ame  e seja fiel!".
Veja - só que a verificação nunca é definitiva, é preciso recomeça-la com cada ser. De tanto recomeçar, criam-se hábitos."

"Como sei que não tenho amigos? É muito simples: eu o descobri no dia em que pensei em matar-me para lhes pregar uma boa peça, para puni-los de certa forma.Mas punir quem? Alguns ficariam surpreendidos; ninguém se sentiria castigado. Compreendi que não tinha amigos.Além disso, mesmo se os tivesse não adiantaria nada. Se pudesse suicidar-me e ver em seguida a cara deles, então sim, valeria a pena..."... Os homens só se convencem das nossas razões, da nossa sinceridade e da gravidade de nossos sentimentos com a nossa morte. Enquanto vivos, nosso caso é duvidoso, só temos direito ao seu ceticismo..."

"Vou contar-lhe um grande segredo meu caro. Não espere pelo Juízo Final. Ele se realiza todos os dias."

segunda-feira, 5 de maio de 2014

O abajour lilás - Plínio Marcos





Peça em dois atos, três atrizes e dois atore, compacta. Se passa num puteiro. Leitura feita no centro cultural SP aguardando a hora de prestar o concurso. É, não estudei raciocínio lógico..

Elogio da Loucura - Erasmo


Não, decididamente não será questão de concurso público optar em a, b ou c qual a postura de Rotterdam frente a igreja católica. Então, por vezes continuo a me perguntar: por que diachos ainda faço este tipo de leitura se preciso ganhar dinheiro? Não seria mais sensato estudar raciocínio lógico ou teorias da personalidade, Lacan que adoram colocar em prova, por exemplo?
Então, posto aqui o que por ventura possa ser de alguma utilidade pra você e as moscas.Se não hoje, daqui um tempo, como reparo na procura sem zumbidos de outros posts antigos.
Erasmo é a própria loucura se elogiando, chamou-me bastante atenção as colocações “dela” em relação as mulheres. Quando citado “homem” a maioria das vezes tem significado de espécie humana, humanidade; outras vezes aparece com o sentido de gênero mesmo. Claramente o autor tinha consciência em relação a esta diferenciação.



Segue trechos:

“...Não falarei no entanto, como os pedantes que sobrecarregam hoje as cabeças das crianças com um monte de tagarelas difíceis, e que lhe ensinam a discutir com mais teimosia que as mulheres...”

“...é verdade que a mulher é um animal extravagante e frívolo; mas é também divertida...”

“..não creio que as mulheres sejam loucas a ponto de se zangarem com o que digo aqui, sou do sexo delas, sou a loucura...”

“...as mulheres ao contrário, tem a face lisa, a voz suave, a pele delicada, tudo nelas oferece a imagem encantadora de uma juventude contínua, aliás, tem elas outro desejo na vida se não agradar os homens?...”

E por aí vai... termina o que toca a esta questão de gênero assim:
“...lembrai-vos, peço-vos que é a loucura, que é uma mulher que acaba de vos falar, mas lembrai-vos também deste provérbio grego: “um louco diz as vezes coisas boas” – a menos que penseis que as mulheres sejam uma exceção a esta regra geral...”

Sim, também tem muita coisa boa que este louco discorre, principalmente quando coloca sobre os teólogos (ele mesmo o era) e começa a analisar Eclesiastes e São Paulo. Não vou citar aqui pra não perder o auge da leitura.

Segue outras colocações bem interessantes:

“...Os poetas não me devem tanta obrigação, sua condição mesma lhes dá o direito natural aos meus dons...”

“...O numero de nós que prendem o calçado, a cor e a largura do cinto, a tonalidade do hábito, o tecido com o que ele deve ser feito, a forma e o tamanho preciso do capuz, o diâmetro exato da tonsura, o numero de horas destinadas ao sono, tudo é determinado, medido, fixado. Imaginai os belos efeitos que esta uniformidade deve produzir entre espíritos e corpos tão diferentes entre si!...”

E a melhor:

“... Ora, o que é a vida? É uma espécie de comédia contínua, em que os homens, disfarçados de mil maneiras diferentes, aparecem em cena, desempenham seus papéis, até que o diretor, depois de tê-los feito mudar de disfarce e aparecer ora sob a púrpura soberba dos reis, ora sobre os andrajos repulsivos da escravidão e da miséria, força-os a finalmente sair do palco. Em verdade, este mundo não é senão uma sombra passageira, mas assim é a comédia que nele representamos todos os dias...”







180 moscas na Triologia, só este mês

Porra! 180 voadas de moscas na Triologia do Exílio só este mês! 30 hoje... 1243 até hoje!? Fazia tempo que eu não via as estatísticas deste blog. Por vezes, causa-me curiosidade voos como este... Bom pra eu reler o post já que faz muito tempo desta leitura... mas, não será agora.Tenho mais o que ler.
Moscas em festa! Não há de quê.

Segue a capa que achei aí na net. Se direitos autorais peço aviso pra retirada, pois nada consta.