É incrível como existe gente habilidosa em ser vários e atuam fora dos palcos de teatro...Talvez por isso, me interessou a contracapa.
Não fica claro se o autor é João do Rio ou um relato do "Dr. Antônio" gatuno gaúcho, ou ainda se feito a quatro mãos...
Transmite os ares das ruas...
1917 se não me engano, já devolvi o livro...
Segue trechos:
" ...para o público só há uma preocupação: mostrar inocência. Para os colegas só há um desejo: mostrar uma grande habilidade e uma grande sorte cínica..."
“...No primeiro crime o maior bandido é sempre a vítima. Ide
procurar as causas e haveis de vê-las terríveis, culpando inexoravelmente os
que impeliram a prática da ação contra o código...”
“Como se alguém se emendasse na correção. É a fantasia mais
disparatada dos homens...Olhei muito tempo a escuridão, sem chorar. Não era nem
Artur Maciel, nem “Dr Antônio”, era um numero, um numero e mais nada...”
“ E faço de gentleman ou de mendigo o dia inteiro sem
discrepância. O andar, a atitude dos ombros, a expressão do olhar, tudo isso é
definitivo...”
“Estou admirado de mim mesmo, isto é, do outro que toma conta do
meu corpo. Certo, as ciências ainda hão de evoluir muito modificando a compreensão
do direito criminal...no dia em que a psicologia ocultista for aceita, meu caso
por exemplo não será considerado vulgarmente.Eu condenado por tentativa de
furto? Eu condenado por provado roubo?..É preciso ser completamente obtuso pra
me comparar com qualquer um desses cavalheiros. Eu sou diferente senhores do
meu corpo, há um Artur, o rapaz ocioso filho de boa família, um pouco vaidoso e
femeeiro, e outro, o “Dr. Antônio”, diabólico, ousado, fantástico. E o “Dr.
Antônio” que me perde, que me arrasta...”
“...Julgar através do cárcere, conforme o código, é como um médico
que receita conforme a moléstia indicada sem ver o doente...”
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