quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

O ASSASSINATO DO ANÃO DE CARALHO GRANDE - Plínio Marcos



Já fazia um tempo que queria ler esta peça do Plínio Marcos. Legal, porque tem o texto literário e o texto pra teatro. Também queria ter visto a apresentação dirigida por Marcelo Drummond, mas não foi possível.
O tipo de humor que faz com que a leitura flua.
Quem matou Janjão o anão do circo? Eis a questão... muitos tinham seus particulares motivos pro assassinato.


Segue trechos:

Sobre Di, a mãe da tribo: “ Sua autoridade não era a que os cargos e situações emprestam. Sua autoridade era sua mesmo, consequência de uma vivência intensa e sem máculas, referendada por todo respeito, carinho e veneração que a gente da viagem lhe devotava...”

“...Como o homem instalado tem ódio de quem se move, de quem não tem residência fixa, emprego permanente e os cambaus, perseguem, espancam, expulsam dos lugares que se atrevem a passar. Simplesmente passar. Puta que os pariu! Homens-pregos. A gente da viagem traz alegria, emoção, poesia,sonho...Porém (e sempre tem um porém),é justamente o que o homem instalado teme. Isto tudo perturba os hábitos seguros de sua rotina, o imobilismo do seu dia a dia. Um bando de vagabundos passando...”

“...É amargo ser envolvido pela dúvida em relação aos companheiros. Desconfiar do próximo, dos colegas, dos camaradas de jornada, puta veneno...”

“O referencial mudou: trabalha? Produz? Consome?Tudo bem. Quem se enquadra está enquadrado...O cigano não é melhor nem pior do que ninguém.Se solta as amarras, rompe com as raízes...babau. Muitos foram se fixando...”

terça-feira, 13 de novembro de 2012

MEMÓRIAS DE UM RATO DE HOTEL

Estava na biblioteca do Sesc, na verdade verdadeira (como diria minha avó) gostei e escolhi o livro pela capa  (coisa que diz o ditado que não se deve fazer). Também gostei do título da mudança da foto e do que estava escrito atrás: "Poque os criminosos tem duas faces, as que apresentam ao público e a que apresentam aos colegas e companheiros de crime. Ambas infelizmente são mentirosas"
É incrível como existe gente habilidosa em ser vários e atuam fora dos palcos de teatro...Talvez por isso, me interessou a contracapa.
Não fica claro se o autor é João do Rio ou um relato do "Dr. Antônio" gatuno gaúcho, ou ainda se feito a quatro mãos...
Transmite os ares das ruas...
1917 se não me engano, já devolvi o livro...

Segue trechos:

" ...para o público só há uma preocupação: mostrar inocência. Para os colegas só há um desejo: mostrar uma grande habilidade e uma grande sorte cínica..."



“...No primeiro crime o maior bandido é sempre a vítima. Ide procurar as causas e haveis de vê-las terríveis, culpando inexoravelmente os que impeliram a prática da ação contra o código...”

“Como se alguém se emendasse na correção. É a fantasia mais disparatada dos homens...Olhei muito tempo a escuridão, sem chorar. Não era nem Artur Maciel, nem “Dr Antônio”, era um numero, um numero e mais nada...”

“ E faço de gentleman ou de mendigo o dia inteiro sem discrepância. O andar, a atitude dos ombros, a expressão do olhar, tudo isso é definitivo...”

“Estou admirado de mim mesmo, isto é, do outro que toma conta do meu corpo. Certo, as ciências ainda hão de evoluir muito modificando a compreensão do direito criminal...no dia em que a psicologia ocultista for aceita, meu caso por exemplo não será considerado vulgarmente.Eu condenado por tentativa de furto? Eu condenado por provado roubo?..É preciso ser completamente obtuso pra me comparar com qualquer um desses cavalheiros. Eu sou diferente senhores do meu corpo, há um Artur, o rapaz ocioso filho de boa família, um pouco vaidoso e femeeiro, e outro, o “Dr. Antônio”, diabólico, ousado, fantástico. E o “Dr. Antônio” que me perde, que me arrasta...”

“...Julgar através do cárcere, conforme o código, é como um médico que receita conforme a moléstia indicada sem ver o doente...”







segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Ame e dê Vexame


Ame e dê Vexame

Releitura após uns dez anos mais ou menos... Biblioteca do Sesc.
Hoje Reich já não é que foi, mas salve  Perls e a gestalt!
Um livro sobre amor em liberdade, coisa mais difícil que fácil.

Segue trechos:

“...Quando se optou pela liberdade, deve-se ter sempre em mente a possibilidade da solidão. A conquista da liberdade, incluindo a liberdade no amor, é uma longa batalha contra inimigo poderoso, o autoritarismo. Inúmeras vezes em nossa vida ele nos derrota, nos aprisiona, nos tortura e nos põe em fuga por terras estranhas. Em qualquer uma dessas situações, somos obrigados a conviver cotidianamente com a solidão...”

“...Mas, como resolver a seguinte questão, que se abre nessas circunstâncias: a possibilidade e o direito ao amor e a liberdade simultaneamente?
Não conheço outra coisa para responder a não ser com aquilo que é visível aos outros animais, e faz parte também, creio, da natureza do homem: a ludicidade. Ludicidade significa a capacidade de brincar e jogar, pra não cair nos jogos e brinquedos autoritários das pessoas que não são lúdicas e devem ganhar sempre, nem que pra isso tenham de mudar as regras do jogo, roubar no jogo, destruir o jogo ou os próprios parceiros...”

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

PRIMUS no Sesc




"Liberdade não era o que eu queria então. Eu buscava uma saída, qualquer saída, pela esquerda ou pela direita, fosse por onde fosse"
F. Kafka


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

AS BELAS IMAGENS - Simone de Beauvoir




S
em muito tempo pra me dedicar a leitura, escolhi este livro, por gostar do estilo da autora e custar R$ 7,00 no sebo.
Não é dos que mais gostei, mas vale a pena. A mistura de narrações confunde um pouco no começo, mas depois engrena e vai!
Laurence é publicitária, bem sucedida. Enxerga as imagens dos produtos “trabalhadas” para se tornarem produtos desejáveis; mesmo quando não está a trabalho ela se "pega" nesta avaliação.Casamento, filhas, amante, sem acreditar em ensinamentos religiosos, tem alta admiração pelo estilo de vida do pai, até decepcionar-se com suas expectativas.
Começa a questionar –se e comparar-se com a filha mais nova, que em virtude de uma amizade com outra menina ,tende a se perguntar sobre o sofrimento no mundo.

Segue trechos:

“...Por que Jean Charles de preferência a Lucien? O mesmo vazio se cria as vezes quando está com um, com outro; só que entre ela e Jeana Charles há as crianças, o futuro, o lar, o laço sólido; perto de Lucien, quando não sente mais nada, ela está a frente de um estranho. Mas se fosse com ele que tivesse casado? Não seria nem pior nem melhor, acha ela. Porque um homem de preferência a outro? É estranho. A gente se amarra para o resto da vida a um cara, porque foi ele que encontramos aos dezoito anos. Não está sentida que tenha sido Jean Charles, longe disso...”

“ ...Socialistas ou capitalistas, em todos os países do mundo, o homem é esmagado pela técnica, alienado ao seu trabalho, subjugado, embrutecido...”

“..."E agora, como agir?” ela se pergunta sentando novamento no sofá. Ascende um cigarro. Nos romances à moda antiga, não param de ascender cigarros, é artificial, diz Jean Charles. Mas na vida real isso se faz frequentemente quando as pessoas precisam parecer mais à vontade...”

sábado, 7 de julho de 2012

Antropoantro - Macc


E
stá acontecendo no Macc Campinas – Hiléia – Museu do Vazio/Livro Imagem/Livre Imagem
Antropoantro – Em todos os lugares





Vale a pena conferir! 

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O sumiço é devido ao trabalho formal.
Peço desculpas a você e as moscas.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A arte de escrever –Arthur Schopenhauer



Este livro me apareceu no carnaval passado, na porta de um quarto no RJ, com mais um do Fernando Pessoa e dois filmes, um deles: “Os sonhadores”.
Quem me presenteou não cheguei a conhecer devido a uma série de desencontros, ou talvez não tenha havido desencontro algum.


Basicamente trata do não pensar quando se lê. Das imperfeições das traduções, da importância das línguas antigas, da arte de escrever e decadência da literatura de sua época. Diferencia bons autores da literatura de consumo, fala sobre a importância dos clássicos e “desce a lenha” na prolixidade do Hegel. Tudo com a clareza e originalidade que só ele tinha e era pouco reconhecida em sua época.

Segue a seleção de trechos interessantes:

“... Assim como as atividades de ler e aprender, quando em excesso, são prejudiciais ao pensamento próprio, as de escrever e ensinar em demasia também desacostumam os homens da clareza e profundidade do saber e da compreensão, uma vez que não lhe sobra tempo para obtê-los...”

“... A leitura não passa de um substituto do pensamento próprio. Trata-se de um modo de deixar que seus pensamentos sejam conduzidos em andadeiras por outra pessoa...”

“ ...É possível a qualquer momento sentar e ler, mas não sentar e pensar...”

“Nas ciências cada um quer  trazer algo novo para o mercado, com o intuito de demonstrar seu valor;com frequência, o que é trazido se resume a um ataque contra o que valia até então como certo, para pôr no lugar afirmações vazias...”

“...Não há nada mais fácil do que escrever de tal maneira que ninguém entenda; em compensação, nada mais difícil do que expressar pensamentos significativos de modo que todos compreendam. O ininteligível é parente do insensato, e sem dúvida é infinitamente mais provável que ele esconda uma mistificação do que uma intuição profunda...”

“ ...Usar muitas palavras para comunicar poucos pensamentos é sempre o sinal inconfundível da mediocridade; em contrapartida, o sinal de uma cabeça eminente é resumir muitos pensamentos em poucas palavras...”

“...Quando lemos, somos dispensados em grande parte do trabalho de pensar...”