sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Setembro passou e eu também passei sem aqui passar...

Pra você e as moscas:


"Estatísticas provam que existem mais mulheres no mundo do que qualquer outra coisa, exceto insetos"

Glenn Ford para Rita Hayworth, em Gilda (1946)
De frases cortantes do cinema "noir"

Uma homenagem as mulheres de poesia...

LOUCURA
Florbela Espanca

Tudo cai! Tudo tomba! Derrocada
Pavorosa! Não sei onde era dantes.
Meu solar, meus palácios, meus mirantes!
Não sei de nada, Deus, não sei de nada!...

Passa em tropel febril a cavalgada
Das paixões e loucuras triunfantes!
Rasgam-se as sedas, quebram-se os diamantes!
Não tenho nada, Deus, não tenho nada!...

Pesadelos de insônia, ébrios de anseio!
Loucura a esboçar-se, a enegrecer
Cada vez mais as trevas do meu seio!

Ó pavoroso mal de ser sozinha!
Ó pavoroso e atroz mal de trazer
Tantas almas a rir dentro da minha!


MAS HÁ VIDA
Clarice Lispector

Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida, há o amor.


Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.


O VESSTIDO
Adélia Prado

No armário do meu quarto escondo de tempo e traça meu vestido estampado em fundo preto.
É de seda macia desenhada em campânulas vermelhas à ponta de longas hastes delicadas.
Eu o quis com paixão e o vesti como um rito, meu vestido de amante.
Ficou meu cheiro nele, meu sonho, meu corpo ido.
É só tocá-lo, volatiza-se a memória guardada:
eu estou no cinema e deixo que segurem minha mão.
De tempo e traça meu vestido me guarda

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