segunda-feira, 22 de março de 2010

Inércia


Livro: Inércia
autor: Marcos vinícius de Almeida

Quando decidi movimentar este blog comecei a procura por outros que pudessem me interessar. Eis que me deparo em um deles com um conto que me deixou encantada "Pinóquio e a Menina-de-Lata". Éra junho do ano passado e depois do primeiro terremoto no início do ano, um segundo acontecia na região central da BA.
O tempo provocando suas modificações foi ventando...comecei acompanhar "Ana e outros demônios" pelo blog do autor quando finalmente "Inércia" ficou pronto. fiquei feliz, pois poderia ler um livro inteiro do autor dos contos que eu gostava de ler.

Iniciei a leitura em outubro, dias depois viajei e deixei isso aqui só a você e às moscas mesmo.Só decidi escrever esta resenha agora, quando me deparei lendo devagarinho um outro conto do autor, querendo prolongar a leitura; deixando por opção, dar continuidade mais tarde, só pra não acabar.
Notando isto, lembrei-me que foi assim também com o livro(com a vantagem que é bem maior que um conto).

O livro retrata a vida através da percepção de Juan e sua vida amorosa desgastada pela rotina, mas não só isso, o personagem busca uma Lúcia que já não é mais a mesma, assim como ele já não é o mesmo. Relata suas reflexões acerca de si o do mundo, a vida universitária como estudante de filosofia com seu amigos, as lembranças de infância e adolescência.

A escrita é densa ao mesmo tempo que fluída, muda-se de um tempo a outro favorecendo o dinamismo da leitura.Juan é bastante introspectivo, a narração em primeira pessoa não se torna cansativa, uma vez que o personagem tem conteúdo psicológico, ótimas descrições físicas de espaço, ações e sensações que são muito bem transmitidadas ao leitor. É existencialista e a leitura é muito envolvente.

Com tudo isso,além das colocações típicamente mineira e outra interessante criada pelo autor. Considero, como leitora, uma obra de valor literário. Recomendo a leitura de Inércia e aguardo os próximos.

Ainda que a obra seja inspirada em sua vida, Marcos Vinícius como trabalhou muito bem o livro e assim vem mostrando com seus contos, ele está longe de ser autor de um só livro, como muitos "autores" que existem por aí.

A arte de envolver com as palavras:

"...Mesmo dormindo ela apossava-se de mim. Quer meu corpo sustentando sua inconsciência. Não compreendia aquilo, mais aceitava. Continuo não compreendendo, mas agora não aceito..."

"...Estranho isso...No fim das contas tanto faz. Porque mesmo me imaginando em outra vida acabo encontrando a mesma vida..."

"...Masturbar-se é deprimente. Tá certo. No fim das contas é a mesma coisa. Apesar do suor. Sussurros. Grunhidos. Ranger da cama de madeira ou metal. Cheiros. Feromônios. Declarações. Insultos avessos. Fazer sexo é masturbar-se no outro..."

"...Eu acho esses trem uma bobagem sem tamanho. Mas pra mim, o problema da matéria e pensamento tá la nos gregos, fraga? - Falou Adelmo.
Enquanto acendia um cigarro, Éder disse:
- Eu penso que a consciência é uma defesa da gente, igual a cobra tem seu veneno, a gente tem a inteligência."

Um comentário:

Carol disse...

ah, esse rapaz vai longe.