domingo, 12 de outubro de 2014

Resposta a Felipe Guines e Rafael Marangoni – curta “brincando de deus”


Resposta referente ao artigo de 20/12/11.

Não obtive resposta ao contatar o aspirante a jornalista no ano de 2011 (não entrando na questão da ética e do que é a mídia hoje, porque não estou a fim de masturbação mental, tão menos discorrer sobre direitos autorais da foto por mim tirada da equipe em trabalho.) Rafael Marangoni e Felipe Guines proferiram inverdades neste artigo, como sendo colocações minhas a respeito de uma suposta união de visões em cima do roteiro e do processo de filmagem.

Esta reposta só saiu agora (outubro/2014) porque recebi esta imagem passada por um amigo que se lembrou divertidamente do curta e me enviou, e este tipo de coisa me alegra.




Dei muita risada porque a idéia ”base” da história era principalmente esta e lembrei-me de quando surgiu o nome, “brincando de deus”, (tudo em minúsculo pra não ofender as crenças) e continuo me divertindo com a linguagem do cinema, em suas mais variadas funções, ultimamente explorando mais figurino e direção de arte.

No mais, na época fiquei fula da vida com este artigo, pelas falsidades ditas,
(http://issuu.com/semlegenda/docs/semlegenda) então, me cadastrei na revista e escrevi apenas que o artigo continha inverdades a respeito do processo, mas hoje dou risada, coloco alguns esclarecimentos, e faço perguntas que acredito não serão respondidas por nenhum dos dois, nem Marangoni e nem Guines.

Aprendizado 1 – Se você sempre gostou de ler e escrever e decide fazer no formato roteiro, desapega! Considere esta sua função e pronto. Tenha coragem de entregar na mão de outra pessoa, mesmo que achar que o roteiro sairá totalmente outro, porque no fim, mesmo buscando a fidelidade como tentamos neste caso, sai outra história mesmo. Hoje penso que poderia ter jogado na mão do Rafael Ramos, que foi a primeira pessoa que veio falar que gostou do texto, sairia um filme outro e seria muito mais rico pra mim, ver como outra pessoa trabalha uma história que criei.
Mas neste caso artístico, por ser o primeiro roteiro fictício em meio as minhas poesias de adolescente, não desapeguei, quis ficar com a criação da criança, além do mais, também queria saber como funcionava tudo neste processo de criar um filme e seus bastidores.

A proposta da oficina era “Como se faz um filme”, e quem escrevia o roteiro, ficava com a direção, pensando nisto e com minha mania em me empenhar para que as coisas andem, escrevi este roteiro fictício em uma semana.

Na verdade era pra ser uma comédia, e tinha até pensado num amigo de longas datas e não ator pra participar do curta, por usar as características cômicas naturais dele, ele estava ciente disso, com finalidade de diversão garantida. Porém, fui simplesmente escrevendo a história, sem nenhuma pretensão, apenas com o mote da manipulação, baseado nos fatos dos peixinhos do aquário “acreditarem” que quem dá comida é deus e na necessidade do protagonista em controlar e provocar a luta entre os peixes de diferentes espécies.Descubro que isto é parte do processo criativo de escrever roteiro.

Quem era este protagonista foi surgindo no fluir da escrita, pensando num hotel e na loja de peixe. (dois locais escolhidos conforme orientação dos professores visando menos movimentação entre uma locação e outra). Então, como nunca tive peixes fui no mercado municipal conhecer sobre quais peixes não conviviam em harmonia para fazer estas relações para manipulação do personagem. Daí, saiu esta história fictícia louca que muitos amigos acharam “sem pé nem cabeça” da qual tive que criar um fim rápido que acabou ficando aberta, por conta de termos que gravar, em junção até com uma dificuldade minha de colocar um fim nesta história que tinha que ser obrigatoriamente curta.

Achei muito interessante quando Lalli e Marangoni ao lerem o roteiro remeteram-se ao “Iluminado” de Kubrick porque eu lia Stephen king pra caralho na adolescência além de poetas e gostava de filmes de terror, mas não pensei nisto quando o roteiro saiu espontaneamente.

Então, PERGUNTO a Rafael Marangoni e Felipe Guines com muita curiosidade, de onde vem esta colocação de vocês que EU queria me inspirar nos dramas “A voz da Igualdade, um sonho sem limites” de Van Sant??? Enquanto só queria ver meu próprio roteiro vivo! Este filme por por vocês citado que eu nem conheço, nunca vi, desculpem a ignorância.

Não sou cinéfila, apenas gosto de alguns filmes, mas este realmente eu nunca assisti, só tive curiosidade depois da citação de vocês...( Aliás, se você ou as moscas que  passam por este blog tenham assistido e quiserem explicar aqui que filme é este, talvez possa surgir mais elementos para Rafael e Felipe explorarem em auto-conhecimento deles o porque desta colocação como se fosse minha enquanto a colocação é deles, ou de um deles) Eu, absolutamente, não tenho idéia do que se trata, nem tão pouco entendo porque vocês relacionaram a minha formação psi acadêmica nesta questão, podem me explicar? Sou toda ouvidos.

Aprendizado 2 – Quando outros proferem inverdades como se fossem minhas, a respeito de um processo criativo, com referências que eu desconheço, o melhor a fazer é ouvir e dar risada.E lembrar que sempre é mais divertido trabalhar com pessoas sinceras.

As assinaturas foram mais relativas ao que cada um pode desempenhar mais no processo. Neste sentido, Marngoni também assina a direção, pois, ele teve que conduzir a câmera e adequá-la nos espaços para filmagem, uma vez que Marcos Lalli teve que se "revelar" ator para que a brincadeira rolasse  e a experimentação acontecesse, e ainda participando do processo.

Quanto ao processo o artigo coloca: “Para dar conta de gravar tudo num dia, os cinco integrantes do grupo tiveram que planejar locações que fossem próximas uma da outra”
Neste sentido, Marangoni ficou bem no plano etéreo eu diria, se movendo pra isto numa outra dimensão que não aparece no corre do filme, pois quem correu atrás foram apenas três: eu, Marcos Lalli e Daniele Braido. Rafael Ramos, durante o processo por questões de outros trabalhos teve que se ausentar muito, ajudando no som direto e indicando um amigo pra filmagem, nosso contato foi pouco na verdade.

“Outra dificuldade encontrada pelo diretor estreante foi orientar os atores, colegas dos produtores que toparam participar da filmagem”
Só mais esta dificuldade Marngoni?

Aprendizado 3-Trabalhar com atores amadores, amigos e conhecidos neste caso, foi a via possível através da participação generosa destes, para que o roteiro saísse do papel e pudéssemos experimentar o processo. Sim, Marangoni, com atores profissionais para roteiro fictício tudo ficaria mais fácil, porque você não foi atrás disto também?

Acho que você deve ter aprendido, assim como eu que algumas atribuições de direção são bem claras: conhecer e fotografar o local com a luz natural prevista da gravação, fotografar imaginando a sequencia e os planos possíveis para passar pro storyboard, pra ter menos trabalho quando chegar no “Foi, corta”.

Eu e Lalli, fizemos as fotos nos setings (além de nós mesmos locarmos). Claro que teve experimentações muito legais que você fez com a cam, na hora do “vamo vê”, a ampliação do corredor, por exemplo.Não desmereço sua contribuição e participação para a realização e as idéias criativas, desmereço sim estas suas mentiras a meu respeito e quanto ao processo em si.

Aprendizado 4- Aquela cadeirinha escrita “diretor” num processo independente fica sempre vaziaQueridas moscas e você leitor, sabem porque? Porque a “direção” neste caso está sempre correndo atrás do que precisa ser feito para o filme acontecer antes do dia da filmagem.

No quesito satisfação, o processo me agradou e muito, sair da escrita e filmar é muito interessante, isto me levou a pensar em toda a questão da produção, locação, quantidade de personagens, antes de escrever um roteiro, e atentar pra detalhes que nem pensei neste primeiro e que fizeram diferença no resultado final.

Foi um prazer trabalhar com o Lali que me inspirou para o segundo roteiro (aivirar imagem um dia e trabalharmos juntos novamente, se possível), ele se mobilizou atrás de equipamentos, correu atrás de uma das locações e se divertiu durante o processo.

Prazeroso também trabalhar com a Dani, que correu atrás da nossa comida no dia de filmagem, estudou a logística de transporte e os locais, se pendurou nas alturas pra fazer o som direto, arrumou alguns figurinos possíveis, cuidou da alimentação e conforto dos atores e do espaço físico e esteve sempre paciente, alegre e meiga.
Foi ótimo acharmos que iríamos para o Cannes e dar risadas sobre sermos reconhecidos daqui 20 anos!

Agradeço também Luiz Andreghetto e Cristina Muller que tornaram esta experiência possível e continuam incentivando as pessoas a se contaminarem com o bichinho do cinema, além de botarem a mão na massa no dia de filmagem!

Agradeço finalmente a Marangoni e Guines, por através de mentiras, me incitarem a dar esta resposta, lembrando-me como o processo de filmagem dá trabalho pra caralho mas diverte demais!!!

Mis? Chile? Uia! Nem to sabendo, ganhamos algum prêmio? Assim, antes de completar 20 anos? hahahah


Ps: foto cedida sem fonte pra colocar referência até o momento.