domingo, 31 de julho de 2011

Não costumo usar chapéu em dias de verão




“Não costumo usar chapéu em dias de verão, não consigo deixar o cabelo loiro na cor natural e, se meus joelhos ficam a mostra, é como se estivesse sem calcinha.”
Numa ânsia vã de que no fundo ele queira a conhecer para algo além do desejo. Que dá e passa. “quem busca o alimento que não nutre, vai do desejo a gratificação novamente cai no desejo”.
Porque o homem quando transa de primeira vez é porque é “bom” e a mulher é “ruim”. É como se ainda fosse idade média. Não tem como “regulamentar” o desejo sexual com uma mulher assim, não é “pra casar”. Ele não estava interessado em saber qual livro ela estava lendo, se tinha algum projeto ou o motivo do fim do ultimo envolvimento afetivo, só perguntou se estava tudo bem quando a encontrou on line por educação, pra não ser indelicado com quem puxou assunto, na verdade ela percebeu o desinteresse porque a conversa não desenvolveu. Basta pensarmos no significado das palavras no masculino e feminino. Um homem “galinha” uma mulher “galinha”, um homem “vagabundo” e uma mulher “vagabunda”. Que papel teve Eva na história toda?

Depois de muito prazer e ninguém pra dividir o cigarro e o cobertor, o vazio chegou. Não tentava muito existir. Queria que o encontro se repetisse, mas da forma espiral, de outra forma. Disse pra ele antes de se despedir que queria o encontrar mais vezes. Mesmo depois de ele falar que ela poderia “segurar” qualquer homem, um inesperado feedback sexual. Ela não lhe explicou que não era o caso, que na verdade nunca tinha pensado nisso, pensava desnecessário explicar que algumas coisas tinham acontecido somente com ele, se sentiria um tanto adolescente se lhe fizesse esse comentário, assim como sentira-se da segunda vez que o encontrou, soaria como confissão, e ela também não saberia explicar o porquê de explicar que o que aconteceu era só e exclusivamente entre os dois. Talvez ela fosse igual qualquer outra pra ele. Não era igual, era pior do que qualquer outra, apesar de intenso prazer. Ele não quis conhecê-la. É vagabunda. Não é alguém interessante. Ela sente que vai passar novamente um longo período só, até que a ultima noite com aquele desconhecido que não quis conhecê-la fique tão distante a ponto de não haver mais interesse algum em revê-lo. Provavelmente já será verão e não haverá mais necessidade de proteger a cabeça do sereno do inverno.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski 1959-1969



O Teatro Laboratório de Jerzy Grotowski 1959-1969
Textos e materiais de Jerzi Grotowiski de Ludwik Flaszen com um escrito de Eugênio Barba

Curadoria de Ludwik e Carla Pollastrelli com a colaboração de Renata Molinari. São Paulo: Perspectiva: SESC; Pontedera, IT: Fondazione Pontedera Teatro, 2007.


Nos últimos meses, em meio algumas “correrias” cotidianas li este livro. Basicamente, sem descrever maiores detalhes, como o próprio título descreve, são vários textos de 1959-1969, conferências e trechos de espetáculos. Discorre sobre o que é considerado essencialmente do teatro partindo do campo de ação (toda sala é platéia/teatro sem palco) chegando ao ator (corpo e ofício).
Fala também sobre ritualidade, arquétipo e mito.


Trechos:


Heráclito – “ Aquilo que se opõe converge, a mais belas das tramas forma-se dos divergentes; e todas as coisas surgem segundo a contenda”


“ A essência do teatro que procuramos é pulsar, movimento e ritmo”


“ Para dar a vida a um novo ser, são necessários dois seres diversos: este novo ser é o espetáculo, nós e as fontes, o que é individual e o que é coletivo: são justamente estes dois seres diversos que devem dar vida ao terceiro”

sábado, 2 de julho de 2011

Canção - Fellini

Carne osso choro prata casa noite fogo
Morro velho criança doido alegria
Canção
Ninho transa coisa dia curva
Chuva bonde touro unha fome ônibus karma
Canção dia curva chuva bonde touro
Unha fome ônibus karma sonho verão espera
Canção
Espera neve sino lambreta lua
Abraço hera ladeira preguiça beijo
Suplício sapato
Canção
coisa dia curva chuva bonde
Touro unha fome ônibus Karma
Canção
Dia curva chuva bonde
Touro unha fome ônibus karma sonho verão espera
Canção
Coruja neve sino lambreta preguiça beijo suplício sapato
Canção
Sopro sarda suspiro trégua sono
Ouvido carne osso choro prata casa
Noite fogo morro velho criança doido alegria
Ninho transa canção dia curva chuva
Bonde touro unha fome ônibus karma sonho
Verão espera
Canção...