sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Chove...

Cai a chuva e com ela a nostalgia ao invés da abundância. Ou será a nostalgia resultado da própria abundância de lembranças?
É bom conhecer pessoas. Das que ficam na memória, do arquivo torto, quase sempre saem boas recordações. “Haja hoje pra tanto ontem” já diz Leminsk...

Poeta doido de montanha... sem saber começou a me fazer enxergar que o concreto não adianta quando o que interessa é abstrato...
Não sabia a idade do poeta, nem imaginava. Poeta não tem idade.
Quando encontrei essa figura, as montanhas eram de areia, e as águas diferentes das que passavam na sua terra e gelava sua limonada pra tomar com sua menina que ele recordava com tanto carinho.
“Você fuma pra caralho!!!” Ele comentava entre uma lembrança e outra, eu o ouvia...
Realmente... 2001...
Choveu uma semana direto naquele janeiro...


Comemos uma moqueca de sururu com nosso amigo querido, que como nós, também se escondia por lá, só que há mais tempo.Lá. Um lugar daqueles pra se esconder, se procurar, se encontrar ou se perder. Era meu reencontro com esse amigo querido e seu cão. Com ele aprendi algumas coisas sobre o céu, entre outras que me serviram mais tarde...
Ele já não se escondia por lá quando retornei anos depois...



O GARIMPEIRO

Era uma vez um garimpeiro
Que não tinha dinheiro
E se enganou
Com o valor real das pedras.
E hoje ao acordar
Ascendeu o fogão a lenha e fez café,
A casa estava fria
Então resolveu sair e sentar
No alto de uma montanha
De cara pro sol
Pra não perder a fé
A manhã estava apenas começando.
Sua casinha lá...
Embaixo.
Mais próxima dele
Uma casinha de barro
Onde uma negra rachava lenha
E dois pretinhos brincavam no quintal
A cada batida daquela machado
Algo rachava dentro do seu coração
Teve uma hora, que a negra
Deu uma machadada, que a porrada foi tão forte que tudo escureceu
E, ele partiu ao meio.
E de repente, seu amor apareceu
Sorriu e disse: Meu amor, meu garimpeiro
Levante dessa montanha
E vá!
Ele se levantou e foi
Só que não sabe pra onde
Não sabe pra quê
Nem pra quem
Talvez, ninguém.
No Vale do Pavão, em Visconde de Mauá
Era sexta feira do mês de agosto
Do ano de mil novecentos e noventa e nove.
E a manhã estava apenas começando...
E ele gozava
De uma profunda solidão
A solidão dos coiotes.

Marcopoeta – Imagem & Semelhança Ed.2000 pg.17.



CONSUMIDOR

O LOUCO PEDE A SOBREMESA SOBRE A MESA
E JOGA
AO CHÃO
A SOCIEDADE
EM CONSERVA

Marcopoeta – Imagem & Semelhança Ed. 2000 pg 39


... Até próxima poeta...
E o desejo que tudo tenha dado e dê certo...