segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

O Natimorto


O Natimorto (um musical silêncioso) - Lourenço Martinelli


O autor trama a narração crua e reflexiva do protagonista aos diálogos deste com a cantora, outra presonagem principal.

Ele, um homem em crise com traços obsessivos, faz diariamente um paralelo entre as imagens de advertências dos maços de cigarros com os arcanos do tarot de Marselha.

Ela, com sua voz pura e inaudível aos ouvidos menos sensíveis, se envolve com ele e fascína-se com suas histórias.

O romance de ficção tem linguagem teatral e poética. O livro prende a atenção do leitor e a leitura acontece de maneira fluída. Já foi adpatado pra cinema, quero assistir.

A imagem ao lado é Magritte.

A arte de organizar as palavras
Trechos da obra

... E isso é o que eu posso provar
Desta estranha liberdade
Nem ir, nem voltar.
Peramaneço
de pé
do lado de fora da porta...

... _ Que horror! do jeito que você fala, parece que a vida é uma doença.

_ Alguém já disse que a vida éra uma doença fatal e sexualmente transmissível. ...

...

... _ Eu só estou fazendo o que disse que faria.
_ Mas uma coisa é o que dizemos, outra o que fazemos
_ Existe ainda o que pensamos, que não é nem uma coisa nem outra
_ Nem uma coisa nem outra?
_ É, não é o que falamos e também não é o que fazemos. ...

...

... Um amigo
um dia
me disse
que os médicos
haviam desenganado
seu pai
perguntei:
então eles o estavam enganando?
quando desenganado
morreu. ...

... _ Não, eu não consigo me ver. Só consigo me ver invertido, no espelho. Eu não sei como sou. ...

...

_ Bipolar não são os ursos?

sábado, 26 de dezembro de 2009

Finalmente, resenhas ou resumos e seleção de frases

Finalmente este blog cumprirá sua função inicial. Assim que criei esse tréco, sem saber ao certo pra que serviria (e confesso que não sei ao certo como isso funciona ainda) o objetivo éra fazer resenhas de livros e filmes ou seleção de frases destes, ainda que eu tenha lido alguns livros em 2008, ficou parado mais de um ano.
Mas, como a vida é uma comédia e por vezes tragédia, acabei escrevendo uns textos. Coisa de momento. Foram postados por "abindução" de amigos, destes que insistem em fazer você acreditar em algumas coisas....
Tenho consciência de que peco na gramática e tropeço nas palavras e não sei porque cargas d´água você e as moscas ainda frequentam este blog.
Não sei por que esta vontade inicial das resenhas e frases voltou, talvez seja o Natal, o blog foi criado na Páscoa...viagem.
Não sou crítica literária, não sou crítica de cinema, isso não me compete.Vou escrever apenas porque gosto de ler nas horas vagas, e horas vagas no momento é o que tenho. E, como já diziam que "mente vazia é oficina do diabo", melhor usar a internet com coisas que prestem, ou que pelo menos eu acredite que prestem, ou não, sei lá.
Não existe nenhuma seleção, vou postar o que for me aparecendo no decorrer do tempo. Espero que vocês tirem algum proveito disso. E se der vontade, também posto textos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Minas cativa

Das belezas daqui, difícil é não falar de Minas Gerais.
Da melancólica e sombria Ouro Preto que se esconde e que tive o privilégio de conhecer através de uma perspectiva de olhar dali á Diamantina, que com tanta história de peso mantêm-se leve e acolhedora; impossível tomar uma cerveja gelada sozinha com tantas boas companhias...
Milho Verde, o Lageado, os bons dias, boas tardes, boas noites, a fuga das vacas, o catolicismo, a "cultura da cachaça"...
Lavras Nova, a natureza, Dna. Maria, Dna Carmina...
A Chapada de Santana as companhias, a igrejinha, a campana...
Terra de Guimarães Rosa, terra de verso e prosa...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Tudo o que é sólido pode derreter

A série é encantadora! Baseada no curta de Rafael Gomes, discorre sobre o cotidiano da personagem adolescente Thereza (Mayara Constantino). Tive o privilégio de assistir dois capítulos. O primeiro teve como temática o poema " Há metafísica bastante em não pensar em nada" de Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O segundo, baseado na obra de "Macunaíma" de Mário de Andrade.
Na mesma semana discutia com uma amiga sobre educação; como transmitir informações e conceitos sem privar a liberdade, assim como a necessidade de selecionar programas juvenis de qualidade.
Que satisfação ver o universo literário transmitido ao adoslescente por este programa! Já está no ar pela TV Cultura faz algum tempo, mas nunca é tarde para elogios e descobertas. Fantástico! Nem tudo está perdido!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Não orna

Liz joga o cabelo para trás, faz um coque; sobe vagarosamente a rua, não como de costume:

Se eu atravessar o semáforo assim que ele fecha e aumentar a velocidade, pego o próximo aberto. Se sair cinco minutos mais cedo (pelo relógio de fora), pego o ônibus das 22:30.

Na ida sempre cruza com aquele cara na rua. Naquela rua ou em outra rua, até em outro horário, mas sempre no mesmo bairro:

Deve morar por aqui. Tem poucas casas, tem mais prédios, tem uns antigos até que bem grandes. É muito cachorro pra apartamento. Tem gente que não liga. Na volta tomo sopa, já vai ter acabado o mate pelo horário.
E aquela vez que ele beijava um dos cachorros na boca? Foda, beijar cachorro na boca. Daquela vez ele não me viu não. Deve ser um cara sozinho e gostar de heavy metal, tá sempre de preto. Ou sei lá, vai ver o cara é bruxo, já vi alguns por aqui.

Eles sempre se olhavam, um olhar cuja única menção era a espera, um olhar de média duração. Começavam a curta distância. Não era nenhum flerte. Era um olhar pronto pra reagir, mas esperavam a ação do outro pra isso. Cada um seguia seu rumo.
Os olhos dele eram azuis, diferentes do de Liz. Magro, alto, cabelo comprido, ruivo, barba.
“O cara dos cachorros” ela pensava quando o encontrava, saindo de restaurante vegetariano enquanto ela entrava, descendo do metrô enquanto ela subia, na rua com os cachorros:

De novo essa garota, deve morar aqui, já faz uns três meses. Parece que vai estudar esse horário. Não tem cara de que estude alguma coisa séria. Vai ver é mística, este bairro tá infestado disso agora, deve ir fazer algum curso do tipo. Calça amarela estampada com tênis vermelho. Não “orna” como diz minha mãe.
E aquela vez que ela desceu do ônibus bêbada 7:00 da manhã. Foda, mulher bêbada e ainda de manhã. Acho que ela nem me viu. Deve ser uma pessoa sozinha. “A garota da calça amarela”

Luiz sentia o ímpeto de dizer “oi” pra Liz, mas não passava disso. Liz pensava em sorrir e cumprimenta-lo, parava ai.
Até em nome se pareciam e não disseram nada. Apenas a comunicação estereotipada dos estereótipos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Chove...

Cai a chuva e com ela a nostalgia ao invés da abundância. Ou será a nostalgia resultado da própria abundância de lembranças?
É bom conhecer pessoas. Das que ficam na memória, do arquivo torto, quase sempre saem boas recordações. “Haja hoje pra tanto ontem” já diz Leminsk...

Poeta doido de montanha... sem saber começou a me fazer enxergar que o concreto não adianta quando o que interessa é abstrato...
Não sabia a idade do poeta, nem imaginava. Poeta não tem idade.
Quando encontrei essa figura, as montanhas eram de areia, e as águas diferentes das que passavam na sua terra e gelava sua limonada pra tomar com sua menina que ele recordava com tanto carinho.
“Você fuma pra caralho!!!” Ele comentava entre uma lembrança e outra, eu o ouvia...
Realmente... 2001...
Choveu uma semana direto naquele janeiro...


Comemos uma moqueca de sururu com nosso amigo querido, que como nós, também se escondia por lá, só que há mais tempo.Lá. Um lugar daqueles pra se esconder, se procurar, se encontrar ou se perder. Era meu reencontro com esse amigo querido e seu cão. Com ele aprendi algumas coisas sobre o céu, entre outras que me serviram mais tarde...
Ele já não se escondia por lá quando retornei anos depois...



O GARIMPEIRO

Era uma vez um garimpeiro
Que não tinha dinheiro
E se enganou
Com o valor real das pedras.
E hoje ao acordar
Ascendeu o fogão a lenha e fez café,
A casa estava fria
Então resolveu sair e sentar
No alto de uma montanha
De cara pro sol
Pra não perder a fé
A manhã estava apenas começando.
Sua casinha lá...
Embaixo.
Mais próxima dele
Uma casinha de barro
Onde uma negra rachava lenha
E dois pretinhos brincavam no quintal
A cada batida daquela machado
Algo rachava dentro do seu coração
Teve uma hora, que a negra
Deu uma machadada, que a porrada foi tão forte que tudo escureceu
E, ele partiu ao meio.
E de repente, seu amor apareceu
Sorriu e disse: Meu amor, meu garimpeiro
Levante dessa montanha
E vá!
Ele se levantou e foi
Só que não sabe pra onde
Não sabe pra quê
Nem pra quem
Talvez, ninguém.
No Vale do Pavão, em Visconde de Mauá
Era sexta feira do mês de agosto
Do ano de mil novecentos e noventa e nove.
E a manhã estava apenas começando...
E ele gozava
De uma profunda solidão
A solidão dos coiotes.

Marcopoeta – Imagem & Semelhança Ed.2000 pg.17.



CONSUMIDOR

O LOUCO PEDE A SOBREMESA SOBRE A MESA
E JOGA
AO CHÃO
A SOCIEDADE
EM CONSERVA

Marcopoeta – Imagem & Semelhança Ed. 2000 pg 39


... Até próxima poeta...
E o desejo que tudo tenha dado e dê certo...

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Dia a dia a busca desenfreada da alegria ou amenia da tristesa em carne viva
O mundo é vermelho Jeanne, pouco a pouco caem gotas de sangue
Ainda com sorte enquanto entorpecida nenhuma vivalma te jogou mais abaixo
O dia vai, a noite vem, a madrugada acaba
O novo dia amanhece e a dor não passa
Troca sua madrepérola por um pão com mortadela
Apaga.Acha que descansa
Que bom que ninguém te acompanha
Se toca, se liga
Pega informação do ônibus, desliga
Acorda, é um novo dia
O mundo é amarelo Jeanne...

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

A panela de pressão toca o hino. Assusta, mas ela só funciona assim.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Fui comparar crisantemo, trouxe calendula


Paro e penso quantas vezes nos confundimos na vida. Achamos que estamos levando uma coisa e levamos outra. E isso em tudo, escolha profissional, roupas, filosofia de vida, amizades, relacionamento amoroso...

No caso da calendula eu tinha a certeza que era crisentemo. Até quando eu guardei as flores amarelinhas na bolsa. De repente, a palavra crisântemo veio a mente!
Precisava da flor como remédio alternativo da medicina chinesa, mais pra alma, e a florzinha tem suas funções específicas refrescantes para órgãos vitais. Refresca rins e fígado, ameniza raiva, entre outros benefícios. Como “o poço ainda está sendo revestido” como diz o I ching no momento, pensei: crisântemo ajuda no processo! Quero crisântemo.

Apareceu-me ela assim, por um lapso de linguagem, amarela forte, como minúsculos girasóis. Deve servir pra alguma coisa. A calêndula não me falou nada sobre sua importância e como o destino traça suas tramas, de certa forma tentando “magicar” o momento, interferindo inconscientemente ou conscientemente no meu livre arbítrio! Ufa! Ainda bem que calendulas não justificam suas aparições ao acaso! Ela simplesmente apareceu, e eu busquei essa aparição. Eu sabia que ela tinha suas propriedades apesar de não saber quais, ela não fora pesquisada e fundamentada como fiz com o crisântemo. Cabia aceitá-la ou não, depois vir a saber suas qualidades e se me serviam no momento ou não.

Penso em como fiz e por vezes faço isso na vida, aceitar o que me aparece e conhecer depois suas propriedades. Como já fui feliz com isso e como também quebrei a cara. Então, isso é bom ou é mal? É preciso reformular esses conceitos e balanceá-los a cada caso ou acaso. Nunca acreditei que pessoas são como essas minhas calêndulas, que mesmo aparecendo por “destino”, podem ser usadas enquanto servem e descartadas se não há serventia, foi muito triste quando percebi que nem todos no mundo pensam assim. É sempre um choque quando nos deparamos com jeitos muito diferentes do nosso de ver a vida. Isso é muito útil para reforçar e aprimorar nossos conceitos.

Estava lendo um livro sobre filosofias várias, e vou resumir toscamente. Dizia que para “pesar” se algo é bom ou mal, devemos nos perguntar: “ Gostaria que todos no mundo tivesse a mesma atitude?” Se sim, é bom; se não, é mal. Basicamente, a mesma coisa de não faça aos outros aquilo que não querem que façam com você, com uma visão amplificada. Mas na prática isso pode ser muito interessante, dependendo do caso. Volta-se a necessidade de definir o bem e o mal e agora saber se cabe universalmente...

Voltando as calendulas...

Calendulas são cicatrizantes, tonificantes pra pele, antiséptico, trata problemas uterinos e cólicas. Quando usadas exageradamente pode provocar depressão, nervosismo, falta de apetite e náuseas.
Mas olha... tem como atributo sonhos proféticos...

Dá uma vez ao ano, abre quando o sol nasce e se fecha quando ele se vai...


Lembro-me da última pessoa que me enganou, ou que me deixei enganar vai saber... é preciso coragem pra admitir, mas hoje posso dizer com certeza que ela só pensou em benefícios próprios, só percebi isso mais tarde, depois de ter acreditado e depositado amor e confiança. A pessoa se achava o próprio sol, e eu acreditando que os sentimentos dela eram de verdade, agia como a calendula...
Agora percebo quanta diferença há entre uma flor entre as flores e a estrela das estrelas...
E, pra não dizer que eu não falei das flores... vou buscar crisantemo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Castelos de areia

Cato aqui e ali os pedaços de mim
Não é mais tempo de nadar com o menino atrás dos peixes coloridos
Dez palmos de agua transparente já me curaram...
Observo o padrão de comportamento
Cimento de base inconstante
Acreditava que poeira éra felicidade
Vejo o menino na areia e lembro dos meus castelos
Construídos na impulsividade
Acreditando que o mundo do outro é verdade

A dois

A casa encaixotada
Pequenos pedaços de sonho
Tudo pra depois
O rádio, o pandeiro, a rede, o chuveiro
Os pratos, o xadrez
As borboletas sem vida
Partes acrilíricas
Se foi
Sem saber como seria

domingo, 12 de julho de 2009

"..."

“Oi Mariana td bem?, Acho melhor a gente se falar por aki, to te escrevendo pra dizer realmente q eu casei, mas naum tinha planejado nada, coisas q acontecem em minha vida eu Jah conhecia a Minha Mulher(Adriana) pela Net, mas naum ao vivo e um dia, ela apareceu com um outra pessoa em São Pedro e nos vimos conversamos... e depois foi muito forte e é o q rola entre a gente, e eu sei q é amor porque posso sentir... então, eu vim atrás dela em São Paulo antes de ir Pra Goias e eu q pedi ela em casamento assim, senti e pedi e ela aceitou, durante estas duas semanas estávamos juntos o tempo todo e eu vou pra Góiás agora e volto depois pra continuarmos nossas vidas... sei q é tudo meio louco, mas minha vida é assim msm e eu sigo meu coração e meu coraçaõ diz e minha vida será do lado da Adriana, desculpa por td... mas esta é toda verdade, ela viu o recado q vc deixou no site de relacionamentos, acho melhor nos falarmos por aki, nada do site de relacionamento por que jah rolou uma pekena briga e eu naum kero q role mais tah por favor?Te desejo td de bom pra vc e q vc encontre uma pessoa bem melhor q eu pra te fazer feliz Se cuida, bjo.”

terça-feira, 23 de junho de 2009

Cada escolha uma renúncia


Sabe, quando eu estiver cara a cara com Deus. Seja ele o que for, vou perguntar: "Okay, qual foi o plano?
Enquanto penso nisso a imagem de Posêidon (Deus do mar) vem a minha mente, dando risada, fazendo tsc tsc tsc e respondendo em tempo atual: "Esse é o plano."

Imagino esse Deus humanizado porque quando crescemos acreditando em Jesus, quando crianças acreditamos que o pai dele é como ele, só que mais velho, forte e poderoso. Tem uma imagem dele numa biblioteca antiga em Salvador. É a cara de Deus.
Tenho uma amiga que as vezes fala que parece que "Ele" brinca de playmobil com a gente. Sou mais da teoria de que ele joga xadrex mesmo, é mais estrategista, ainda que com o "playmobil" ele seja mais livre pra criar as próprias regras.

Sempre acreditei no acaso e no inverso dele. Já tomei decisões importantes simplesmente jogando "cara ou coroa".
As vezes sinto falta desta época...
Pra onde vamos?
Vamos ver o que o universo propõe...

Mas o tempo passa e você precisa aprender que as decisões devem ser tomadas, umas engolidas a seco e outras com muito gelo.

Lembro-me daquele padre na aula de antropologia teológica. Ele falava do Uruboros. A serpente que morde a própria calda... formava um circulo completo...
Que fechem os ciclos então.

Bom, espero que o "Responsável Superior" também mostre o mapa com as pessoas e fatos sendo pontos iluminados coloridos explicando:
"Lembra quando aconteceu isso?"
E possa ser possível responder "Claro! Sempre quis entender porque aconteceu isso!
E "Ele" vai explicando: Aconteceu isso, pra poder acontecer isso, que tava vinculado a isso... Mostrando sempre resultados positivos e os momentos mais felizes da vida.
Pra que possa ser dito: "Então, valeu a pena!"

Espero também que exista uma sala de reforço, como essas de escola, pra poder fazer as perguntas mais esdrúxulas, podendo rever com o "Todo" fatos que vc sempre ficou na dúvida se aconteceram ou não, e perguntar ao "Ser Superior" coisas como: "Mas, e se eu tivesse ido morar na Itália?
E seriam mostradas conexões igualmente positivas atrás das negativas, só que a maioria cenas não vividas...

Cada escolha uma renúncia, já dizia o antigo ditado...

domingo, 21 de junho de 2009

sexta-feira, 19 de junho de 2009

A Inês é morta. Falando em fragmentos Sartreanos.




Algumas frases populares sempre me intrigaram.

Achei o máximo aquele cara que fez um livro sobre a origem daquelas relacionadas a bichos. Por exemplo, “cada macaco no seu galho!”, “cão que ladra não morde!”, enfim... Destas sobre bicho sempre refleti um pouco mais sobre “a cobra vai fumar!”. Dá pra entender o sentido, mas que diacho! Vai fumar pra que?

Ta, entendi que o bicho vai pegar, mas até aí porque que a cobra vai fumar?

Bom, não li o livro do cara, não sei citar seu nome e nem sei se ele buscou a origem desta frase ou pra que ou o que a tal cobra fuma.

Mas percebam, você e as moscas que freqüentam este blog, como o universo nos traz respostas quando menos esperamos.

Estava lendo “Entre quatro paredes” de Sartre e descubro, além de um pouco mais do que ele quer dizer com a famosa frase “O inferno são os outros”, descubro finalmente quem é a tal da Inês!

Não pude me conter de tanta emoção! Das amizades que tenho, existe uma que, em certa época das nossas vidas, em diversas situações, jogava a frase “Até então, a Inês é morta...”

Essa amiga conhece as nuances de tons das minhas palavras e dependendo da situação eu respondia: “E daí que a Inês é morta?”, “Tá, e o que a Inês tem a ver com isso?”, “ Puta merda, quem é essa Inês?”, “ Foda-se a Inês, já ta morta, nem conheço ela!”

Detestava essa frase, agora acho um puta chavão existencial existente!O melhor do clássico no popular!

Quando ouvir essa frase agora irei remeter-me a esta Inês!!! O inferno da Inês de D. Pedro que descobri depois éra outro...

Até então, a Inês é morta e dependendo do caso, convém perguntar: Qual delas?

Pois bem, continuemos...


segunda-feira, 15 de junho de 2009

Um dia


As palavras mais bonitas que ouvi hoje foram a do cara que eu quase atropelei.

Estava triste, precisava mandar meu livro de poesias que mofavam para um amigo que iria colocá-lo em formato de livro e fazer a capa.
Freud ficaria feliz em ver a obra, considerando o que ele pensa sobre os artistas.

Não sei pra que existe isso, fui arrumar o texto no word e aparece aquelas barrinhas que parecem coluninhas romanas. Detesto-as, gosto de ver o texto limpo. Sei que dá pra tirar, não o fiz.

Então, entrei naquele esplêndido site de relacionamentos.
Teve um tempo que costumava entrar em comunidades inúteis e achava bom, porque com várias, não dá pra saber mesmo que tipo de pessoa é você. Porém, teve um tempo que eu achava que elas diziam muito sobre a vida de uma pessoa ou criatividade desta.
Entretanto, sou do tempo que não existia internet, quem diria um site de relacionamentos. E como era gostoso por um programa pra rodar em Cobol e dar tempo de ir comer um salgado, fumar um cigarro e voltar pra sala. Tá, okay, brincadeira, sonhávamos com o que temos hoje.

Mas, voltando às comunidades, tudo uma grande ilusão!
Grande bobagem! Nada de mais se você é loira e seu namorado tem a tal “As morenas são as melhores” ou , se no começo do relacionamento ele até tinha algumas falando de mulheres em geral e colocou outras dedicadas a você! As da “em geral” nem te incomodavam, até que as “dedicadas” foram tiradas e as outras permaneceram. Menina! Pense em coisas mais importantes! Não importa o fato que vocês se conheceram pela ianternet!

Vou tentar te ajudar se isso acontecer. Neste caso, você tem várias opções na vida virtual.
A- Dizer a seu namorado o que não gosta e ver como ele reage. Rezando pra ele ser compreensivo com seus sentimentos da era pós moderna.
B- Coloca também em suas comunidades coisas que você admira nos homens em geral, uma dedicada a ruivos, se ele for moreno, no caso. Já ouviu falar em olho por olho dente por dente?
C- Apagar as dedicadas à ele, tirar que está namorando, que mora com o companheiro, deixar que suas paixões fiquem em branco, e ufa... Decididamente, ele não precisa estar em seu par perfeito querida! Lembra quando era queijo com goiabada?
D- Virar uma verdadeira vaca e colocar um monte de homens pelados.
E- Buscar fazer amizades interessantes
F- Desencanar
G- Mesclar todas as alternativas

Bom, nem era esse tipo de conselho que eu queria colocar aqui. Aliás, conselho nenhum!
Como eu disse anteriormente, estava triste e decidi que teria duzentos anos. Alterei o ano do nascimento pra 1809, não apareceu “200”. Puta merda! Pra que tem essa opção então?
Então coloquei 1909, tive que nascer em data diferente da que eu queria por causa do programa que oferece uma opção “inválida”. “99” apareceu. Legal, uma pessoa de até 99 anos pode usar o site! Ah... mas eu queria ter “100”... Então alterei a data do meu aniversário pra o dia seguinte.

Legal! Comemoraria com Sto Antônio, completaria 100 anos (se o site permitisse) e de quebra ouviria palavras bonitas das pessoas que pouco conheço, o que me deixaria menos triste. Era meu aniversário virtual!!

Acordei cedo com outro tipo de humor, melhor que no dia anterior. Pensei ser melhor alterar isso e cuidar da vida real.

Tinha lá alguns recados, entre eles, um de alguém que me conhece pouco, um de alguém que só falou comigo virtualmente, outro de alguém que me conhece muito, mas ainda tem muito pra conhecer. Quem me conhece mesmo, sabe que sou uma libriana com orgulho apesar das indecisões (mas isto já é uma outra história cotidiana).
Respondo aos recados dizendo a real, que estava mal e queria ficar bem e ouvir coisas bonitas ajudariam.
E, se você e as moscas que estão lendo este blog dizem “Nem era seu aniversário mesmo!”
Digo: “Que importância isso tem?

Este não é o mundo real, e mesmo neste, nasço e renasço várias vezes todos os dias.
Já recebi tantos felizes dias especiais e pessoais, não digo daquelas mensagens com florzinhas e palavras bonitas, pessoais mesmo. Como o de um amigo meu que é Hamster, e que pode passar anos e sua essência mais pura não desconcentra. Ou, como o de uma amiga Gaúcha que conheci na BA... Aliás, ela estava na página hoje, mas não pelo aniversário virtual, porque simplesmente às vezes temos vontade de saber como estão essas pessoas especiais, mesmo algumas que conhecemos brevemente.
Sabe, só tinha pensado em meio a tudo isso, que ouvir algumas palavras especiais completas, não monossílabas num dia comum pode ter o mesmo efeito de ouvir um eu te amo com explicação de porque depois vindo depois da frase, ainda que só esta frase basta quando vem de alguém que você ama de verdade.

Já estava de saco cheio desse site, não exclui porque serve pra contatos de interesses. Voltei a ficar triste por outras coisas. Então, coloquei uma fita de luto no perfil, me "desliguei" e fiquei triste, continuei morando no inferno de Sartre, o que explica o fato de que “deveria estar do lado de lá” o lado de fora do inferno.
Tempos depois já em casa, pensei que poderia preocupar pessoas que me são queridas e sei que gostam de mim de verdade no mundo real e decidi tirar a tal tarja mais tarde, e mais tarde o perfil voltou ao normal, com suas singelas mudanças de humor esporádicas.
Estava triste novamente, sei que muita coisa tem que morrer em mim pra outras renascer.

No caminho, sai do estacionamento, escuto uma buzina de moto, penso “Puta merda! Fechei o cara!”
Ele para do meu lado e diz em tom tranqüilo “Você saiu sem olhar”
Choro e peço mil desculpas.
Ele diz: “Promete pra mim que vai com cuidado?”
Prometo.
Ele diz: “Vai com Deus”
Eu fui, com cuidado, percebi que estava “desligada” mesmo, parei em sinal verde. Vi a igreja de Sto Antônio. Disse “Parabéns Sto Antônio!”
Pensei que o cara poderia ter me xingado, dito pra eu não sair de casa se eu estava mal, reclamar que estraguei a moto, sei lá!
Tudo bem, considerando o efeito borboleta, eu poderia ter derrubado o cara. E, mesmo que eu tenha quase o machucado, até aquele momento, foram as palavras mais bonitas do meu dia.
O ciclo da vida volta ao normal.