Venho com Engenheiros do Havaii
na cabeça já há alguns dias, passo pela banca de jornal e vejo o pocket, nem sabia da existência deste livro.
Lembrei-me da estante arrumada, a fila que se formou entre livros emprestados
ou comprados, devidamente etiquetados pra saber que estão me aguardando e claro,
lembrar-me que não preciso mais comprar livros. Sendo assim, comprei este. Ah! Baita
coincidência vá!
Agora, ao iniciar a escrita sobre
ele, lembro-me que ainda quero colocar sobre a leitura anterior a esta, mas
como foi longa, assim que possível retomo.
Moacyr Scliar tem uma escrita com
um tipo de humor que me agradou, uma obra de ficção com dados históricos reais
bem interessantes. Capitão Birobdjan é um utopista do caminho marxista,
admirador de Rosa de Luxemburgo e Stalin. Iniciando por várias vezes a
construção de sua nova sociedade, que passa da sua extrema esquerda a sua
extrema direita quando em sua meia idade, findando... Ah! Não vou contar o final. Tá,
ele morre. Contei. Mas não contei sua ultima construção da sua nova sociedade.
Quem é de Porto ou passou por lá,
vai rememorar alguns locais...
Alguns trechos do livro
remeteram-me a “Revolução dos bichos” de
Orwell, mas como faz muito, muito tempo mesmo que li este, tanto tempo que foi
escolhido pela cor e pelos bichos da capa, não sei dizer com precisão, mas enfim...
Cada qual com sua utopia, que pode
ser desentupir a pia... Tá.Horrível. Eu sei.
“Somos um exército, o exército de
um homem só
No difícil exercício de viver em
paz
Somos um exército, o exército de
um homem só
Sem bandeira
Sem fronteiras
Pra defender
Pra defender...” – Engenheiros...
Seguem trechos interessantes do
livro e que valem reflexões:
“ A casa está redividida; uma
parte será o Palácio da Cultura, em outra funcionará o Comitê Político. Em outra
funcionará a redação da A voz de nova Birobdjan. Neste grande
empreendimento Mayer Guinzburg terá aliados: A Camarada Aranha, o Camarada
Rato, e o Camarada Inseto. Mayer Guinzburg gostará da Camarada Aranha, do
Camarada Rato, mas não gostará do Camarada Inseto; não saberá por quê mas não
gostará. Se esforçará para gostar, mas não gostará. Fará autocrítica a
respeito, mas não gostará. Talvez porque o Camarada Inseto permaneça
indefinido: nem bem formiga, nem bem barata, e esta ambigüidade, Mayer
Guinzburg sabe, poderá no futuro se expressar sob a forma de desvios
ideológicos...”
“Como permitir que o derrotismo
dominasse os Companheiros Animais?Que conseqüências desastrosas isto não
acarretaria para Nova Birobidjan- A Companheira Cabra dando menos leite por
exemplo. Preferível mentir. Birobidjan sabia que uma mentira progressista vale
mais que uma verdade reacionária...”
“A Companheira Galinha (...)Era
nervosa, sensibilizava-se por qualquer coisa e cacarejava sem parar-
improdutivamente, pois não punha ovos, era um peso morto.(...) O editorial era
uma proclamação dirigida especialmente a Companheira Galinha concitando-os a aumentar
a produção”
“Não pode contar com Santinha, a
quem falta base ideológica, treinamento militar, disciplina. Se tivessem mais
tempo, que companheira ela seria, que companheira! Como Rosa de Luxemburgo!”
´”Relações pessoais não tem nada
a ver com relações de produção...”
Nenhum comentário:
Postar um comentário