quinta-feira, 30 de abril de 2015

O EXÉRCITO DE UM HOMEM SÓ - MOACYR SCLIAR




Venho com Engenheiros do Havaii na cabeça já há alguns dias, passo pela banca de jornal e vejo o pocket,  nem sabia da existência deste livro. Lembrei-me da estante arrumada, a fila que se formou entre livros emprestados ou comprados, devidamente etiquetados pra saber que estão me aguardando e claro, lembrar-me que não preciso mais comprar livros. Sendo assim, comprei este. Ah! Baita coincidência vá!

Agora, ao iniciar a escrita sobre ele, lembro-me que ainda quero colocar sobre a leitura anterior a esta, mas como foi longa, assim que possível retomo.

Moacyr Scliar tem uma escrita com um tipo de humor que me agradou, uma obra de ficção com dados históricos reais bem interessantes. Capitão Birobdjan é um utopista do caminho marxista, admirador de Rosa de Luxemburgo e Stalin. Iniciando por várias vezes a construção de sua nova sociedade, que passa da sua extrema esquerda a sua extrema direita quando em sua meia idade, findando... Ah! Não vou contar o final. Tá, ele morre. Contei. Mas não contei sua ultima construção da sua nova sociedade.

Quem é de Porto ou passou por lá, vai rememorar alguns locais...

Alguns trechos do livro remeteram-me a  “Revolução dos bichos” de Orwell, mas como faz muito, muito tempo mesmo que li este, tanto tempo que foi escolhido pela cor e pelos bichos da capa, não sei dizer com precisão, mas enfim...

Cada qual com sua utopia, que pode ser desentupir a pia... Tá.Horrível. Eu sei.

“Somos um exército, o exército de um homem só
No difícil exercício de viver em paz
Somos um exército, o exército de um homem só
Sem bandeira
Sem fronteiras
Pra defender
Pra defender...” – Engenheiros...

Seguem trechos interessantes do livro e que valem reflexões:

“ A casa está redividida; uma parte será o Palácio da Cultura, em outra funcionará o Comitê Político. Em outra funcionará a redação da  A voz de nova Birobdjan. Neste grande empreendimento Mayer Guinzburg terá aliados: A Camarada Aranha, o Camarada Rato, e o Camarada Inseto. Mayer Guinzburg gostará da Camarada Aranha, do Camarada Rato, mas não gostará do Camarada Inseto; não saberá por quê mas não gostará. Se esforçará para gostar, mas não gostará. Fará autocrítica a respeito, mas não gostará. Talvez porque o Camarada Inseto permaneça indefinido: nem bem formiga, nem bem barata, e esta ambigüidade, Mayer Guinzburg sabe, poderá no futuro se expressar sob a forma de desvios ideológicos...”

“Como permitir que o derrotismo dominasse os Companheiros Animais?Que conseqüências desastrosas isto não acarretaria para Nova Birobidjan- A Companheira Cabra dando menos leite por exemplo. Preferível mentir. Birobidjan sabia que uma mentira progressista vale mais que uma verdade reacionária...”

“A Companheira Galinha (...)Era nervosa, sensibilizava-se por qualquer coisa e cacarejava sem parar- improdutivamente, pois não punha ovos, era um peso morto.(...) O editorial era uma proclamação dirigida especialmente a Companheira Galinha concitando-os a aumentar a produção”

“Não pode contar com Santinha, a quem falta base ideológica, treinamento militar, disciplina. Se tivessem mais tempo, que companheira ela seria, que companheira! Como Rosa de Luxemburgo!”


´”Relações pessoais não tem nada a ver com relações de produção...”

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