Começa o ano novo ocidental, começar estudando gramática da língua portuguesa pra quê, não é mesmo? Sem sentimento de culpa por não estar temporariamente pensando no gosto salgado do salário frente ao mar e um futuro incerto, durante esta semana, pelo menos. Vamos nós, eu, você e as moscas que acompanham este blog para as leituras que interessam.
Embora o absurdo e a ausência de qualquer leitura seja o oposto complementar, espero buscar com algumas delas sentidos pro mundo, desfazer sentidos que fui atribuindo a ele conforme as experiências e porque não re significar alguns? Não fazer mais aquela expressão de interrogação atônita quando a pessoa se considera libertária, anarquista e vota.(tá, o absurdo disso, a mim, continua) Quanto tempo de repetição até o arrependimento e constatação de incongruências? O que pode ter de conteúdo cristão dentro de alguns anarquismos? Falando em profetas, tio Proudhon antevia um socialismo autoritário. O que ele disse sobre o comunismo? De quais “propriedades” ele trata?Proudhon está para o anarquismo como Freud pra psicologia, com seus prós e contras...
Proudhon, vislumbra em sua trajetória de vida e escritos, possíveis diálogos para estas e outras questões.
A coleção de bolso L&M pocket, não consta os textos integrais, estão cortados conforme seleção dos editores com suas referências em rodapé. Então os (…) entre os dizeres de um mesmo texto foi conforme o corte de quem os fez, assim como as traduções do francês. Ainda assim, achei legal, dá um panorama das ideias centrais.
Seguirei com as citações interessantes, que são outros cortes dos cortes...
Acho válido registrar as autodenominações surgidas quando trata-se de alguém relevante para o assunto em abordado, embora eu não tenha inclinações pra biografias.
“… “(...) Que forma de governo iremos preferir?
_ Em! Vós podereis perguntá-lo; sem dúvida qualquer um de meus mais jovens leitores responde, “vós sois republicano”
_ Republicano, sim; mas esta palavra não especifica nada. Res publica é a coisa pública. Ora, quem quer que queira a coisa pública, sob qualquer forma de governo que seja, pode se dizer republicano. Os reis também são republicanos.
_Então vós sois democrata?
_Não
_Como! Sereis monarquista?
_Não
_Constitucional?
_Deus me livre
_Então vós sois aristocrata?
_De modo nenhum
_Vós quereis um governo misto?
_Menos ainda
_O que sois então?
_Eu sou anarquista
_Eu o entendo! Vós fazeis sátira; isto está dirigido ao governo.
_De maneira alguma: vós acabais de ouvir minha profissão de fé, séria e maduramente refletida; ainda que muito amigo da ordem, eu sou, com toda a força do termo, anarquista. Escutai-me...”
“...Sempre tive, terei eternamente, o poder contra mim: é esta a tática de um ambicioso e de um covarde?...”
“... Eleito há quinze dias representante do povo, entrara na Assembleia Nacional com a timidez de uma criança, com o ardor de um neófito. Assíduo, desde nove horas, às reuniões das comissões e dos comitês, só deixava a Assembléia a noite, extenuado de fadiga e desgosto. Desde que coloquei os pés sobre o Sinai parlamentar deixei de estar em relação com as massas, à força de me absorver em meus trabalhos legislativos, perdi inteiramente de vista a marcha das coisas(...)É preciso ter vivido neste isolador que se chama Assembléia Nacional para conceber como os homens que ignoram mais completamente o estado de um país são quase sempre aqueles que o representam...”
“ O Estado não negocia nada comigo, não permuta nada, ele me saqueia”
“Ora, nada de autoridade, isto quer dizer o que nunca se viu, o que nunca se compreendeu, harmonia do interesse de cada um com o interesse de todos, identidade da soberania coletiva e da soberania individual”
E a clássica...
“...Ser governado é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legisferado, regulamentado, depositado, doutrinado, instituído, controlado, avaliado, apreciado, censurado, comandado por outros que não tem nem o título, nem ciência, nem virtude.
Ser governado é ser, em cada operação, em cada transação, em cada movimento, notado, registrado, arrolado, tarifado, timbrado, medido, taxado...(...)
E dizer que há entre nós democratas que pretendem que o governo prevaleça; socialistas que sustentam esta ignomínia em nome da liberdade, igualdade e fraternidade, proletários que admitem sua candidatura a presidente da república! Hipocrisia!...”