sábado, 12 de dezembro de 2015

ART IN BOX - FACES

Uma caixa transporta facetas expressivas do ser artista visual.Um pedaço tridimensional que recorta o que o compõe do seu todo, seguimento que faz-se pela matéria. 

Sensações, sentimentos transpassados pelo material utilizado, o que se pretende comunicar e o que é recebido da comunicação artística.

As caixas com seus lados de dentro e de fora, transportam faces de água e sangue, de céu e chão, faces leves e pesadas, faces que espetam e afagam, numa composição de expressões individuais que formam um todo bom de se ver!
Ainda dá tempo!

Projeto Caixa (Art In Box) - 2 Edição
Antiga Estação Ferroviária de Valinhos - "Museu fotógrafo Aroldo Angêlo Pazzinatto"
De 14 de novembro até 15 de dezembro

http://projetocaixa2.blogspot.com.br/

Coordenadores e Responsáveis pelo Projeto Caixa - Art in Box :

Alexandre Armellini 
Alvaro Azzan
Ana Paula Bertoli
Celso Norte
Ione Hayashi
Maria Inês Saba
Paulo Ely












































quinta-feira, 30 de abril de 2015

O EXÉRCITO DE UM HOMEM SÓ - MOACYR SCLIAR




Venho com Engenheiros do Havaii na cabeça já há alguns dias, passo pela banca de jornal e vejo o pocket,  nem sabia da existência deste livro. Lembrei-me da estante arrumada, a fila que se formou entre livros emprestados ou comprados, devidamente etiquetados pra saber que estão me aguardando e claro, lembrar-me que não preciso mais comprar livros. Sendo assim, comprei este. Ah! Baita coincidência vá!

Agora, ao iniciar a escrita sobre ele, lembro-me que ainda quero colocar sobre a leitura anterior a esta, mas como foi longa, assim que possível retomo.

Moacyr Scliar tem uma escrita com um tipo de humor que me agradou, uma obra de ficção com dados históricos reais bem interessantes. Capitão Birobdjan é um utopista do caminho marxista, admirador de Rosa de Luxemburgo e Stalin. Iniciando por várias vezes a construção de sua nova sociedade, que passa da sua extrema esquerda a sua extrema direita quando em sua meia idade, findando... Ah! Não vou contar o final. Tá, ele morre. Contei. Mas não contei sua ultima construção da sua nova sociedade.

Quem é de Porto ou passou por lá, vai rememorar alguns locais...

Alguns trechos do livro remeteram-me a  “Revolução dos bichos” de Orwell, mas como faz muito, muito tempo mesmo que li este, tanto tempo que foi escolhido pela cor e pelos bichos da capa, não sei dizer com precisão, mas enfim...

Cada qual com sua utopia, que pode ser desentupir a pia... Tá.Horrível. Eu sei.

“Somos um exército, o exército de um homem só
No difícil exercício de viver em paz
Somos um exército, o exército de um homem só
Sem bandeira
Sem fronteiras
Pra defender
Pra defender...” – Engenheiros...

Seguem trechos interessantes do livro e que valem reflexões:

“ A casa está redividida; uma parte será o Palácio da Cultura, em outra funcionará o Comitê Político. Em outra funcionará a redação da  A voz de nova Birobdjan. Neste grande empreendimento Mayer Guinzburg terá aliados: A Camarada Aranha, o Camarada Rato, e o Camarada Inseto. Mayer Guinzburg gostará da Camarada Aranha, do Camarada Rato, mas não gostará do Camarada Inseto; não saberá por quê mas não gostará. Se esforçará para gostar, mas não gostará. Fará autocrítica a respeito, mas não gostará. Talvez porque o Camarada Inseto permaneça indefinido: nem bem formiga, nem bem barata, e esta ambigüidade, Mayer Guinzburg sabe, poderá no futuro se expressar sob a forma de desvios ideológicos...”

“Como permitir que o derrotismo dominasse os Companheiros Animais?Que conseqüências desastrosas isto não acarretaria para Nova Birobidjan- A Companheira Cabra dando menos leite por exemplo. Preferível mentir. Birobidjan sabia que uma mentira progressista vale mais que uma verdade reacionária...”

“A Companheira Galinha (...)Era nervosa, sensibilizava-se por qualquer coisa e cacarejava sem parar- improdutivamente, pois não punha ovos, era um peso morto.(...) O editorial era uma proclamação dirigida especialmente a Companheira Galinha concitando-os a aumentar a produção”

“Não pode contar com Santinha, a quem falta base ideológica, treinamento militar, disciplina. Se tivessem mais tempo, que companheira ela seria, que companheira! Como Rosa de Luxemburgo!”


´”Relações pessoais não tem nada a ver com relações de produção...”

quarta-feira, 18 de março de 2015

después

Um mapeamento de impressões subjetivas de uma espectadora aprendiz.
As mascaras de carnaval necessárias e consentidas à bailarina para amenizar a realidade existencial  de ser corpo solitário.Corpo que anseia por contato ou quer apenas preencher seus espaços vazios. A busca pelo outro e os contatos sempre efêmeros. Que seja este outro apenas seu próprio estado de corpo ou outros que ali estavam no solo. Estados induzidos pra esquecer. “O corpo quando começa não consegue mais parar”. Impulsos criativos ou impulsividade intensa. Rendas, que só são desenhadas rendas por suas fendas. Chá de purpurina cotidiana com seu doce e amargo brilho lúcido, passageira como é a vida.Intensa como deve ser.


Criação e atuação : Ana Clara Amaral
Direção: Eduardo Brasil
Direção de Arte: Ana Kuhl




quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Factotum - Bukowski

Henry Chinasky, mantendo a paixão por escrever artigos, em sua grande maioria com as publicações negadas, relata seus trabalhos temporários, hotéis baratos e vida noturna e alcoólica durante a segunda guerra mundial.
O velho Buk em seu segundo Romance. 
Uma pena, não cairá em conhecimentos gerais ou português na próxima prova de concurso... eu deveria tá estudando... Quer saber? Eu deveria tá lendo exatamente Bukowsky! 
Ah... os trabalhos temporários...
Ah... o trabalho em si...



Seguem os trechos interessantes:

"...Era a primeira vez que eu estava sozinho em cinco dias.Eu era um homem que se fortalecia na solidão; ela era para mim a comida e a agua dos outros homens. Cada dia sem solidão me enfraquecia.Não que me orgulhasse dela, mas dela eu dependia.A escuridão do quarto era como um dia ensolarado pra mim. Tomei um gole de vinho."

"...A ideia de me sentar diante de um homem em sua mesa e lhe dizer que eu queria um trabalho, que eu tinha as qualificações necessárias, era demais para mim. Francamente, eu estava horrorizado diante da vida, o que um homem precisava fazer para comer, dormir, manter-se vestido. Então fiquei na cama enxendo a cara. Quando você bebe o mundo continua lá fora, mas por um momento
é como se ele não o trouxesse pela garganta."

"...Mas, finalmente, com Carmem me pressionando, levei-a até um dos transportes de carga que descarregávamos nos fundos do galpão e a peguei de pé, atrás de um desses caminhões. Foi bom, foi quente; pensei em céu azul e em praias amplas e limpas, porém ao mesmo tempo foi triste- faltava na certa algum sentimento humano que eu desconhecia ou com o qual eu não sabia lidar."

"...Vagabundos de rua indolentes, todos nós que ali estávamos tínhamos consciência de que nossos dias estavam contados.Então relaxávamos, esperando pelo momento em que nossa inépcia viria a tona.Neste meio-tempo, vivíamos de acordo com o sistema, dávamos umas poucas horas honestas e bebíamos juntos durante a noite."

"... -Manny, o que você faz trabalhando numa loja de autopeças?
-Descanso. Minha ambição é consumida pela preguiça.
Tomamos outra cerveja e voltamos ao serviço"

"Era verdade, eu não tinha muita ambição, mas devia haver um lugar pra pessoas assim, digo, um lugar melhor do que o tradicionalmente reservado.Como, diabos, um homem pode gostar de ser acordado as 06:30 da manhã por um despertador, sair da cama,vestir-se, alimentar-se a força, cagar, mijar, escovar os dentes e os cabelos, enfrentar o tráfego pra chegar a um lugar onde essencialmente o que fará é encher de dinheiro o bolso de outro sujeito e ainda por cima ser obrigado a mostrar gratidão por receber esta oportunidade?"

"...O motorista se recostava, e nós seguíamos por esta faixa estreita de cimento completamente cercada pela água, e todos a bordo, as vinte cinco ou trinta pessoas confiavam nele, mas eu, jamais.As vezes era um motorista novo e eu pensava, como eles selecionavam esses filhos da puta? Havia água profunda nos dois lados, e um erro de julgamento mataria todos nós. Isto éra ridículo. Suponha que ele tenha brigado com sua mulher naquela manhã? Ou que tenha câncer? Ou que tenha visões de Deus?Um dente podre?Qualquer coisa.Seria o suficiente pra ele. Lá estaríamos nós no fundo do mar. Sei que, se eu estivesse dirigindo, consideraria a possibilidade ou o desejo de afogar todo mundo.
E algumas vezes, depois de ter feito esta consideração, a possibilidade passaria a ação.Para cada Joana d´Arc há um Hitler suspenso do outro lado da balança.A velha história do bem e do mal. Mas nenhum motorista jamais nos lançou no mar. Por suas cabeças não passava mais do que prestações do carro, resultados de beisebol, cortes de cabelo, férias, enemas, visitas familiares. Eu sempre chegava enjoado no trabalho, ainda que em segurança.O que demonstra porque Sshumann é o melhor termo de comparação que Shostakovich."


" A Companhia de Gás do sul da Califórnia punha anúncios nos classificados com promessas de altos vencimentos, aposentadoria com pouco tempo de serviço etc. Não sei quantas vezes preenchi os formulários amarelos de requerimento, quantas vezes me sentei naquelas cadeiras duras, olhando para as grandes fotos emolduradas de dutos e tanques de gás. Jamais tive perto de ser contratado e, sempre que via um sujeito trabalhando para Companhia de Gás, eu o olhava com toda atenção, tentando descobrir o que ele tinha que eu, obviamente não."







sábado, 3 de janeiro de 2015

A PROPRIEDADE É UM ROUBO E OUTROS ESCRITOS ANARQUISTAS





Começa o ano novo ocidental, começar estudando gramática da língua portuguesa pra quê, não é mesmo? Sem sentimento de culpa por não estar temporariamente pensando no gosto salgado do salário frente ao mar e um futuro incerto, durante esta semana, pelo menos. Vamos nós, eu, você e as moscas que acompanham este blog para as leituras que interessam.

Embora o absurdo e a ausência de qualquer leitura seja o oposto complementar, espero buscar com algumas delas  sentidos pro mundo, desfazer sentidos que fui atribuindo a ele conforme as experiências e porque não re significar alguns? Não fazer mais aquela expressão de interrogação atônita quando a pessoa se considera libertária, anarquista e vota.(tá, o absurdo disso, a mim, continua) Quanto tempo de repetição até o arrependimento e constatação de incongruências? O que pode ter de conteúdo cristão dentro de alguns anarquismos? Falando em profetas, tio Proudhon antevia um socialismo autoritário. O que ele disse sobre o comunismo? De quais “propriedades” ele trata?Proudhon está para o anarquismo como Freud pra psicologia, com seus prós e contras...

Proudhon, vislumbra em sua trajetória de vida e escritos, possíveis diálogos para estas e outras questões.

A coleção de bolso L&M pocket, não consta os textos integrais, estão cortados conforme seleção dos editores com suas referências em rodapé. Então os (…) entre os dizeres de um mesmo texto foi conforme o corte de quem os fez, assim como as traduções do francês. Ainda assim, achei legal, dá um panorama das ideias centrais.

Seguirei com as citações interessantes, que são outros cortes dos cortes...

Acho válido registrar as autodenominações surgidas quando trata-se de alguém relevante para o assunto em abordado, embora eu não tenha inclinações pra biografias.

“… “(...) Que forma de governo iremos preferir?
_ Em! Vós podereis perguntá-lo; sem dúvida qualquer um de meus mais jovens leitores responde, “vós sois republicano”
_ Republicano, sim; mas esta palavra não especifica nada. Res publica é a coisa pública. Ora, quem quer que queira a coisa pública, sob qualquer forma de governo que seja, pode se dizer republicano. Os reis também são republicanos.
_Então vós sois democrata?
_Não
_Como! Sereis monarquista?
_Não
_Constitucional?
_Deus me livre
_Então vós sois aristocrata?
_De modo nenhum
_Vós quereis um governo misto?
_Menos ainda
_O que sois então?
_Eu sou anarquista
_Eu o entendo! Vós fazeis sátira; isto está dirigido ao governo.
_De maneira alguma: vós acabais de ouvir minha profissão de fé, séria e maduramente refletida; ainda que muito amigo da ordem, eu sou, com toda a força do termo, anarquista. Escutai-me...”


“...Sempre tive, terei eternamente, o poder contra mim: é esta a tática de um ambicioso e de um covarde?...”

“... Eleito há quinze dias representante do povo, entrara na Assembleia Nacional com a timidez de uma criança, com o ardor de um neófito. Assíduo, desde nove horas, às reuniões das comissões e dos comitês, só deixava a Assembléia a noite, extenuado de fadiga e desgosto. Desde que coloquei os pés sobre o Sinai parlamentar deixei de estar em relação com as massas, à força de me absorver em meus trabalhos legislativos, perdi inteiramente de vista a marcha das coisas(...)É preciso ter vivido neste isolador que se chama Assembléia Nacional para conceber como os homens que ignoram mais completamente o estado de um país são quase sempre aqueles que o representam...”

“ O Estado não negocia nada comigo, não permuta nada, ele me saqueia”

“Ora, nada de autoridade, isto quer dizer o que nunca se viu, o que nunca se compreendeu, harmonia do interesse de cada um com o interesse de todos, identidade da soberania coletiva e da soberania individual”

E a clássica...

“...Ser governado é ser guardado à vista, inspecionado, espionado, dirigido, legisferado, regulamentado, depositado, doutrinado, instituído, controlado, avaliado, apreciado, censurado, comandado por outros que não tem nem o título, nem ciência, nem virtude.
Ser governado é ser, em cada operação, em cada transação, em cada movimento, notado, registrado, arrolado, tarifado, timbrado, medido, taxado...(...)
E dizer que há entre nós democratas que pretendem que o governo prevaleça; socialistas que sustentam esta ignomínia em nome da liberdade, igualdade e fraternidade, proletários que admitem sua candidatura a presidente da república! Hipocrisia!...”





terça-feira, 30 de dezembro de 2014

KILL ALL ENEMIES - Melvin Burgess



Se as marés da vida agitam-se muito, quando parece que a tempestade não vai passar e realmente o mundo começa a parecer mais insano do que já é, tendendo a uma pitada alta de pessimismo e revolta; é hora de ler poesias, romances, meditações ou livros de auto-ajuda. Como dos últimos de auto-ajuda risquei algumas páginas e outros dei fim, restou-me então buscar alguma outra opção.

Na rodoviária me deparo com este título  Romance “kill All Enemies” “– Você já teve a sensação de não se encaixar no mundo?” Tá okay, você e as moscas podem dizer: poderia ter pegado qualquer outro título, algum do tipo “como tornar a vida cor de rosa”, se é pra baixar o pessimismo e a revolta...
Mas este é indicado para “pais, filhos e todo mundo que estiver disposto a ler uma história bela e emocionante...” E ah! Vem bem a calhar! E na real, não é preciso baixar tanto estes ímpetos assim.Não tive nem coragem de abrir o de capa cor de rosa, certamente seria pior fazer uma leitura do tipo.

Leio, depois passo pra uma amiga que está com filho pré adolescente, além do que, fez-me relembrar a adolescente que fui, da qual ainda carrego vestígios, embora com com ressignificações. Qual adolescente sente-se “encaixado” no mundo? Eu não me sentia, assim como nenhum dos meus amigos desta fase...

São adolescentes que contam suas experiências cotidianas a partir das instituições: família, escola e assistência social, ou seja, ações e reações de três subjetividades que vão “moldando” suas condutas a partir destas relações e se encontram nos seus momentos.

“Era a aula do Sr Wikes, o sujeito mais tedioso do universo. Para ele ensinar significava ficar de costas pra sala, desenhando na lousa. Isto não é ensinar. É uma fraude. Se os alunos torturados por ele não fossem um bando de crianças, ele seria processado.”-Chris

“Sua menina preguiçosa, como você é burra, nem este pouquinho de lição você fez. Me dava vontade de gritar...Eu podia ter feito aquilo sem problemas, se eu não tivesse caído no sono enquanto cantava pro meu irmãozinho dormir”- Billie

“O Metallica resolve a maioria dos meus problemas. Quando o Metallica está tocando, não tenho porque me irritar. E nem sentir medo, e nem me preocupar. Eles cuidam de tudo por mim. Quando escuto Metallica eu me sinto um deus”- Rob

“Billie precisa ser durona porque tem o coração mole. É a única maneira que ela encontrou de sobreviver. É por isso que o caso dela é tão especial. Aquela menina tem o coração mais generoso que já vi. Se as outras pessoas soubessem, se pelo menos ela soubesse.”- Hannah








domingo, 16 de novembro de 2014

Mais um poeta nos deixou...

Prefácio
Assim é que elas foram feitas (todas as coisas) —
sem nome.
Depois é que veio a harpa e a fêmea em pé.
Insetos errados de cor caíam no mar.
A voz se estendeu na direção da boca.
Caranguejos apertavam mangues.
Vendo que havia na terra
Dependimentos demais
E tarefas muitas —
Os homens começaram a roer unhas.
Ficou certo pois não
Que as moscas iriam iluminar
O silêncio das coisas anônimas.
Porém, vendo o Homem
Que as moscas não davam conta de iluminar o
Silêncio das coisas anônimas —
Passaram essa tarefa para os poetas.
Manoel de Barros